O presidente eleito Jair Bolsonaro tem em sua retaguarda 11 homens fortes, distribuídos em postos que vão da Economia à Educação, da articulação política às estratégias para redes sociais.
Entre civis e militares, familiares e amigos recentes, o núcleo duro da campanha de Bolsonaro envolve três nomes já indicados como ministros, seus três filhos políticos, o presidente do seu partido, o vice-presidente eleito e colaboradores de seu plano de governo, possíveis ocupantes de cargos no primeiro escalão do governo que começa em 1º de janeiro.
Responsável pela metamorfose do deputado estatista Jair Bolsonaro em um candidato à Presidência adepto do liberalismo econômico, o economista Paulo Guedes (foto ), 68 anos, se encontrou pela primeira vez com o capitão reformado em novembro de 2017, em um hotel na Barra da Tijuca – conversa que durou mais de cinco horas.
Desde então, o escolhido para comandar um possível superministério da Economia no governo Bolsonaro e o presidente eleito se falam todos os dias.
Diante da autodeclarada ignorância do chefe em assuntos econômicos, Guedes, Ph.D. pela Universidade de Chicago, berço de economistas ultraliberais, passou a ser chamado por Bolsonaro de “Posto Ipiranga”, uma referência à propaganda do posto de gasolina em que um matuto rebate qualquer pergunta indicando onde o curioso deve buscar a resposta.
O presidente eleito também gosta de comparar sua relação com o economista a um casamento, que pode ou não dar certo.
“Até o momento da nossa separação, não pensamos em uma mulher reserva. Se isso vier a acontecer, por vontade dele ou minha, paciência”, respondeu Bolsonaro quando questionado pelo jornalista William Bonner sobre se o “casamento” poderia terminar diante de atritos com o superministro.
Com a vitória de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes será o responsável pela interlocução com a equipe econômica do presidente Michel Temer na transição do governo.
Bolsonaro e o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, líder do partido que deu guarida ao então pré-candidato, que foi rejeitado em outros partidos Foto: Reprodução/Instagram/Bebianno
Líder do PSL
Presidente interino do PSL, o advogado carioca Gustavo Bebianno, 54 anos, administra a agenda e os encontros do presidente eleito – proximidade que causou ruídos no entorno de Jair Bolsonaro, com o rebaixamento dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro e de assessores de longa data na hierarquia do grupo.
Faixa preta de jiu-jítsu, como atestam as protuberâncias em suas orelhas, típicas de praticantes da modalidade, Bebianno trabalhou por mais de dez anos no escritório de advocacia Sergio Bermudes, no Rio de Janeiro, onde chegou a sócio, mesmo sem nunca ter atuado em um grande contencioso.
Deixou o escritório em 2012 e seguiu advogando de maneira independente até aderir à campanha de Bolsonaro.
Os dois foram apresentados em 2017 pelo engenheiro-agrônomo Carlos Favoreto, dono da consultoria ECP Environmental Solutions, e hoje condenado em segunda instância por corromper agentes do Ibama.
Favoreto sugeriu a Bebianno que auxiliasse o presidente eleito em processos contra ele, como a ação na qual é réu por injúria e incitação ao estupro contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS).
O advogado é cotado para o Ministério da Justiça e deve atuar na articulação política da transição de governo.
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Foto: Reprodução/Blog do Polibio Braga