Queda de ministro no MEC não pode impedir investigação, diz Ramos
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD), diz que a queda do ministro não resolve o problema

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 28/03/2022 às 18:22 | Atualizado em: 29/03/2022 às 18:19
Mesmo após pedido de demissão do ministro da Educação, Milton Ribeiro, deputados e senadores defenderam, nesta segunda-feira (28), a investigação das denúncias de corrupção envolvendo a liberação de verbas da pasta por intermédio da ação de pastores.
A saída do ministro ocorre uma semana após o vazamento do áudio dele admitindo atender aos pedidos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
“Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar, porque foi um pedido especial que o presidente fez para mim”, declarou o ministro, referindo-se a Bolsonaro.
Na ocasião, o presidente afirmou que colocaria “a cara no fogo” pelo ministro.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD), diz que a queda do ministro não resolve o problema.
“Ele tem de responder pelos crimes que cometeu. Todos os criminosos envolvidos na ‘venda’ de recursos devem ser punidos. A influência do presidente Bolsonaro no esquema deve ser investigada. Os danos à educação são irreparáveis!”, afirmou.
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Na semana passada, Ramos considerou grave o fato de o ministro receber relatos de propina no MEC e não tomar atitude.
“Um ministro da Educação que reconhece ouvir relatos de propina e nada faz é tão criminoso quanto o propineiro e não tem nenhuma condição de continuar no cargo”.
“O pedido de barra de ouro em troca da liberação de recursos, mostra que a esculhambação tá a serviço da corrupção!”, afirmou o parlamentar, que não descartou apoio para instalação de uma CPI a fim de investigar o caso.
CPI
“A CPI precisa sair! Protocolei pedido na Câmara na última semana e já temos 73 assinaturas. Não deixaremos essas irregularidades caírem na impunidade”, reagiu o deputado Rogério Correia (PT-MG).
A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) também defendeu apuração do caso, mesmo após o pedido de exoneração.
“O fundamentalista Milton Ribeiro pediu exoneração após escândalo de corrupção no MEC. Não podemos esquecer que ele e os pastores envolvidos no esquema ainda precisam ser investigados”, disse.
“Caiu o ministro pelo qual o presidente disse que colocava a cara no fogo! Milton Ribeiro vai responder a inquéritos da PF e STF. Bolsonaro vai colocar a cara no fogo?”, questionou o senador Jean Paul (PT-RN).
O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os parlamentares não permitirão fuga das investigações contra o ministro e Bolsonaro.
“A saída do Ministro da Educação não será aceita como tentativa de livramento das responsabilizações cabíveis. A partir de agora entendemos que é dever do parlamento cobrar investigações minuciosas desse, que já é um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil”, defendeu.
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados