8 de Janeiro: ministro de Lula diz que Forças Armadas nĂ£o queriam golpe
JosĂ© MĂºcio, ministro da Defesa, analisa a tentativa de golpe de janeiro de 2023, ressaltando a ausĂªncia de liderança nas Forças Armadas diante dos atos extremistas.

Publicado em: 05/01/2024 Ă s 11:52 | Atualizado em: 05/01/2024 Ă s 11:52
O ministro da Defesa, JosĂ© MĂºcio, avalia que, embora tenha havido uma aspiraĂ§Ă£o por uma ruptura institucional no paĂs hĂ¡ quase um ano, em 8 de janeiro, quando apoiadores extremistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizaram uma invasĂ£o e vandalismo nas sedes dos TrĂªs Poderes, a ausĂªncia de uma liderança clara impediu a concretizaĂ§Ă£o desses atos antidemocrĂ¡ticos. Em entrevista ao jornal O Globo, divulgada nesta sexta-feira (05/1), MĂºcio compara a situaĂ§Ă£o a um jogador indisciplinado em uma equipe de futebol, argumentando que, mesmo que houvesse indivĂduos nas instituições com tais desejos, as Forças Armadas nĂ£o estavam alinhadas com a ideia de um golpe, resultando na continuidade da “equipe” apĂ³s a “saĂda” desse elemento.
O ministro da Defesa enfatiza a importĂ¢ncia de identificar e punir os envolvidos nos atos golpistas, considerando essencial dissipar a “nĂ©voa de suspeiĂ§Ă£o” sobre as Forças Armadas por meio de investigações.
Ele ressalta que, embora pudesse haver vontades individuais, a ausĂªncia de uma liderança definida impediu a materializaĂ§Ă£o de um golpe. MĂºcio destaca que, para uma revoluĂ§Ă£o, Ă© necessĂ¡rio um lĂder que diga: “NĂ³s queremos, eu sou o chefe, vamos”.
Ele argumenta que no governo anterior poderia haver pessoas com desejos golpistas, mas a ausĂªncia de um lĂder comprometia a concretizaĂ§Ă£o desses anseios.
No dia 8 de janeiro, MĂºcio estava almoçando com a esposa quando tomou conhecimento dos atos golpistas na Praça dos TrĂªs Poderes.
Ao se deparar com a situaĂ§Ă£o, dirigiu-se primeiro ao MinistĂ©rio da Defesa e depois ao da Justiça. Descreve o ambiente como confuso, com a falta de um lĂder para negociar, destacando a presença de senhoras, crianças e jovens, descrevendo o ocorrido como um movimento de vĂ¢ndalos financiados por empresĂ¡rios irresponsĂ¡veis.
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Quanto Ă sua decisĂ£o de defender uma retirada pacĂfica dos manifestantes que acamparam na porta do Quartel General do ExĂ©rcito apĂ³s o segundo turno das eleições em 2022, MĂºcio afirma nĂ£o se arrepender. Ele pondera sobre a possibilidade de uma aĂ§Ă£o mais dura ter promovido divisões nas Forças Armadas e destaca que agiram de acordo com a lei, reiterando que faria tudo da mesma forma, contribuindo para o atual ambiente de tranquilidade nas Forças.
Em resposta Ă s crĂticas sobre uma possĂvel complacĂªncia com os militares, MĂºcio argumenta que o foco prioritĂ¡rio Ă© pacificar o paĂs.
Ele destaca a importĂ¢ncia de reconstruir o clima de confiança antes de tomar medidas mais drĂ¡sticas, visando evitar que as pessoas se sintam punidas, e ressalta a necessidade de criar um ambiente propĂcio antes de atender aos desejos de algumas pessoas.
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Foto: AntĂ´nio Cruz/AgĂªncia Brasil