O fedor do CMA e a flor do jardimÂ
"A ureia e o estrume que aqui ficaram da ocupaĂ§Ă£o da frente do CMA nĂ£o servem, nem devem, servir para nutrir nenhuma espĂ©cie"

Neuton CorrĂªa, da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas
Publicado em: 09/01/2023 Ă s 19:49 | Atualizado em: 09/01/2023 Ă s 20:08
A polĂcia da manhĂ£ limpou. A chuva da tarde lavou. Mas, o cĂ©u acinzentado do fim do dia que ficou Ă© apenas o prenĂºncio deixado aqui no CMA. Muitas chuvas ainda precisarĂ£o cair para fazer florir outra vez o jardim que ladeia os muros da sede de uma das maiores forças militares do mundo.
Ele foi sufocado pelo pisoteio e pelos excrementos humanos impertinentes de 68 dias.
As flores talvez surgirĂ£o porque na AmazĂ´nia a vida Ă© generosa e abundante. Mas, talvez, ainda que envergonhadas do solo, nascerĂ£o.
Eras, muitas eras, serĂ£o necessĂ¡rias para perfumar todo esse ambiente. E talvez muitas eras ainda faltarĂ£o.
A ureia e o estrume que aqui ficaram da ocupaĂ§Ă£o da frente do CMA nĂ£o servem, nem devem, servir para nutrir nenhuma espĂ©cie, pois dela podem vir anomalias congĂªnitas.
A Ă¡rvore que embriona serpentes em forma de Helenos, Eduardos e Furlans vive aqui sem dar sombra nem flores, muito menos frutos.
Ao contrĂ¡rio, ela tira daqui a oportunidade de se contemplar a negra Ă¡gua que desce para o seu namoro perene.
O CMA ou os generais do CMA tentaram ajudar matar a flor mais linda da AmazĂ´nia, do Brasil e do mundo: a democracia.
NĂ£o conseguiram. Mas isso nĂ£o se apagarĂ¡ com uma limpeza nem com uma chuva.
O jardim da histĂ³ria, neste caso, saberĂ¡ aplicar a eles e Ă prĂ³pria instituiĂ§Ă£o o peso de seu castigo eterno.
Foto: Neuton CorrĂªa/BNC Amazonas