Ricardo Moraes, um dos poucos fundadores do PT no Amazonas ainda em militância, a pedido do BNC, fez uma reflexão acerca dos 42 anos do partido, completados nesta quinta, 10.
Primeiro deputado federal eleito pelo partido em 1990, aos 33 anos de idade, ele diz que hoje sente falta da militância que havia no nascedouro do partido.
Sentimento
Para ele, no PT atual, falta sentimento: amor, paixão e responsabilidade.
“Falta mais paixão, falta mais dedicação, falta mais amor e responsabilidade com essas bandeiras. Esse era o perfil do PT de antigamente, a paixão. Hoje tem ambição, mas não tem paixão. São coisas diferentes. Tem ambição pelo poder, mas não tem a paixão pela bandeira do PT, não só a bandeira do partido, mas as bandeiras das lutas do momento”.
Meio ambiente
Para Moraes, o PT-AM não pode abrir mão de bandeiras de luta nacional, mas deveria ter a sua própria, que, para ele é o meio ambiente.
“O PT, aqui no Amazonas, não entendeu hoje a importância da questão ambiental e o tamanho que isso é hoje para a sociedade no mundo. Não é uma coisa que se vê com importância”.
Na visão de Ricardo Moraes, a discussão ambiental não significa patrimônio intocado, mas discussão de método de exploração.
“É uma questão muito maior de riqueza natural. Não somos contra a exploração, mas defendemos um método de exploração que a gente possa também se beneficiar”, disse, acrescentando.
“Hoje não podemos apenas discutir a preservação da floresta, mas a vida das pessoas, dos seres que vivem aqui”.
Crítica ao PT e aos sindicatos
Ex-presidente do PT-AM, do Sindicato dos Metalúrgicos e da CUT-AM, Moraes faz também uma crítica ao movimento sindical, um dos esteios da fundação do Partido dos Trabalhadores.
“O Sindicado dos Metalúrgicos não dá mais um fruto, que deveria dar. Os sindicatos viraram um sindicato reclamador e não de transformação. Os salários continuam baixo. O distrito (industrial) implantou um salário de fome, de política discriminatória. E não há um embate mais direto”.
Ricardo Moraes também faz crítica à forma de se comunicar do PT e do Sindicato dos Metalúrgicos.
“O Sindicato dos Metalúrgicos não tem uma comunicação direta como os trabalhadores, uma comunicação que tenha vida, força, de verdade”, disse, apontando.
“O panfleto, hoje, já não vale mais quase nada, o que vale são as rede sociais. E não são usadas, inclusive o PT-AM, que não usa, como deveria usar”.
Foto: Facebook/Ricardo Moraes