Por Rosiene Carvalho , da Redação
O ex-secretário de Estado de Cultura, Robério Braga, declarou, nesta terça-feira, dia 12, que está disponível para ajudar o “amigo” e governador Amazonino Mendes (PDT) em qualquer situação e que, para isso, não precisa de cargo.
Nesta terça-feira, Robério esteve na ALE-AM, palco das maiores críticas ao Governo Amazonino Mendes e onde o Executivo tem tido dificuldade de fortalecer a base aliada. O nome de Robério, nos bastidores, é um dos cotados para assumir as funções que caberiam à extinta secretaria de governo, articulando e fazendo interlocução com os demais poderes e políticos.
Robério, no entanto, negou que tenha recebido convite desta natureza e que esteja disposto a voltar à administração pública. Em entrevista ao BNC , falou de seus projetos pessoais e fez breves avaliações sobre a condução que o governador Amazonino Mendes tem feito na atual gestão do Estado.
BNC: Circulam informações de que o senhor pode voltar à administração pública. É verdade?
Robério Braga: Já dei minha contribuição. O tempo vai dizer. Mas eu não tenho nenhuma… Estou advogando. Estou dando aula na universidade. Já peguei minha turma de Direito Eleitoral na UEA. Estou preparando um livro novo de Direito Eleitoral, outro de crônicas. Estou cuidando de uma parte da minha vida que ficou em segundo plano nesse período que me dediquei à administração pública.
BNC: O senhor recebeu algum convite. Falou com o atual chefe da Casa Civil esses dias?
Robério Braga: Não recebi nenhum convite. Fui tratar no governo de questões que envolvem a advocacia, atividade que exerço agora. Não indiquei ninguém. A escolha do Lourenço Braga para a Seduc não tem a ver com as minhas reuniões com Amazonino. Eu até liguei para o Sidney hoje para esclarecer isso. É meu amigo e fiquei preocupado com essas informações que não são verdadeiras. Não fui convidado.
BNC: Houve uma sequência de situações envolvendo o senhor que estão provocando essas interpretações no meio político: problemas que o governo precisa enfrentar, reuniões com o governador, nomeação de seu ex-braço direito na Casa Civil e hoje ida a ALE-AM…
Robério Braga : Isso tudo não passa de uma grande coincidência. Fui na ALE-AM hoje em função do evento da Unati (Universidade Aberta da 3ª idade). Conversei com Sabá e registraram… Mas também conversei com o Dermilson, coma Alessandra Campêlo. Normal. Nada demais.
BNC: Nos últimos dias o senhor tem circulado mais no meio político.
Robério Braga: Eu estou aqui hoje (inauguração do Museu do Porto), porque aqui tem um significado importante. Eu que fiz esse museu, há anos atrás, junto com os dois Nesons. O marido da Therezinha Ruiz e o Nelson Falcão. Eu, várias vezes, tentei retomar esse museu e não tive êxito. Ainda bem que eles obtiveram e o que eu puder fazer para ajudar… Eu tenho acervos fotográficos que de como era… Tinha muita coisa aqui dentro. A prefeitura e o Iphan estão tentando recuperar esse acervo.
BNC: É irrevogável essa sua decisão de voltar para a vida pública?
Robério Braga: Eu acho que para cargos administrativos e tudo… Eu acho que eu já dei a minha cota ao Estado. Talvez no campo acadêmico e científico, eu possa colaborar com estudos.
BNC: Nem que um amigo de longa data, como o senhor se refere ao governador, pedisse ajuda faria o senhor mudar de ideia?
Robério Braga: O que meu amigo pedir, eu faço. Eu sou amigo dele e sei que ele é meu amigo. O que ele precisar de mim eu faço. Mas não precisará eu estar em cargo nenhum para ajudar meu amigo. Se me pedir uma opinião, não me negarei a contribuir, mas exercer um cargo administrativo de secretário … Já fui chefe da Casa Civil do Amazonino, em 1996. Talvez por isso tenha surgido essas informação.
BNC: O senhor acha que o Governo consegue melhorar a relação com o poder legislativo que parece mais tensionada a cada dia?
Robério Braga: Amazonino é um político com muita experiência. É maduro e não tem ranços de raiva, de perseguição. O Amazonino nunca teve isso. É muito atento ao cenário político. Amazonino não é político por acaso, ele nasceu político. Ele saberá ajustar as coisas…
BNC: Quando, após a eleição, o governador desistiu da ação eleitoral que pedia a inelegibilidade de David Almeida parecia que a medida podia esfriar os ânimos, mas não ocorreu…
Robério Braga: Isso mostra o quê? Isso mostra uma busca de conciliação. Há muita diferença entre o que acontece de verdade e o que é interpretado das coisas que são visíveis no processo político. Isso é natural. Veja que o Amazonino fez um gesto de respeito. O acirramento do processo eleitoral faz parte da política e adiante as coisas se esclarecem e resolvem. As pessoas estranham: ‘estavam brigando e agora estão juntos’. Porque isso passa e o processo político é assim. Não se guarda, não se fica juntando coisas contra fulano ou beltrano. Amazonino nunca foi assim nem com aqueles que o mais o agrediram.
BNC: O senhor acha que falta esse mesmo espírito a pessoas da equipe de Amazonino?
Robério Braga: Não posso fazer juízo de valor sobre a equipe. A equipe foi escolhida pelo Amazonino dentro do cenário e das condições que ele dispunha. Formou a melhor equipe que poderia formar. Cabe a ele unicamente escolher e avaliar. Sobretudo como amigo, não posso opinar.
BNC: Na sua avaliação, o Denilson Novo está cuidando bem da SEC?
Robério Braga: Olha, eu não tenho tido maiores informações. Eu fiz uma transição profissional. Fiz um seminário com mais de seis horas de trabalho. Passei para ele e a assessora que ele levou tudo o que tinha, o que não tinha e o que estava por vir. Deixei calendário cultura até dezembro, deixei recursos no banco, deixei recursos para receber na Sefaz, orçamento para pagar tudo até o final do ano dentro de toda essa complicação que vivemos este ano com três governadores.
BNC: O senhor tem boa relação com ele?
Robério Braga: O que eu estou me conduzindo de uma forma que sequer apareço nos locais e eventos da SEC para que ele fique inteiramente à vontade, entendeu? Um rapaz jovem, músico, artista. Soube que a mãe dele foi minha aluna na universidade. Desejei e continuo desejando o melhor, que ele faça melhor e aprimore o que eu fiz e corrigindo o que eu possa ter cometido de errado. Posso ter errado, mas não cometi um pecado: o da omissão. Bem ou mal, cada um vai avaliar como puder e com as informações que tiver. Continuo entendo que ele tem tudo para fazer um bom trabalho. A equipe é azeitada, mas claro que ele está à vontade para mexer na equipe.
BNC: Sábado o senhor deve ser aclamado presidente da Academia Amazonense de Letras ou haverá disputa?
Robério Braga: Não sei. A inscrição é até hoje (terça-feira, dia 12). A academia não tem tradição de disputas. Mas já teve. É uma instituição de convivência muito amena e fraterna. Já fui presidente nos ano 90. Sou um dos mais antigos membros da Academia, embora seja o mais novo. Fui o membro mais novo da história da Academia. Mas é sempre um desafio. Vamos procurar fazer um trabalho coletivo. A chapa é muito diversificada, tem mulheres na chapa. Tradicionalmente, a academia era um espaço só de homens. Quando fui presidente, a única mulher morava no Rio de Janeiro. Agora, de 39 membros, tem sete mulheres.
Foto: BNC