Por Iram Alfaia , de Brasília
O deputado federal Delegado Pablo (PSL) comentou nesta terça-feira, dia 22, a nota distribuída pela assessoria de comunicação de Romero Reis pela qual o pré-candidato a prefeito de Manaus afirma que saiu do partido por causa da traição do parlamentar ao presidente Jair Bolsonaro.
Na disputa pela liderança do PSL na Câmara dos Deputados , o Delegado Pablo permaneceu na lista de apoio ao Delegado Waldir contra Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e indicado pelo próprio como líder.
Pablo diz que continua apoiando o presidente e só não seguiu sua orientação para apoiar o filho devido um acordo no início do mandato para manter por um ano Delegado Waldir na liderança.
“A indicação do Delegado Waldir é do próprio Eduardo Bolsonaro. Eu assinei um compromisso, no começo do nosso mandato, com todos os parlamentares de que ele ficaria na liderança por ano”, revelou.
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Após a entrevista exclusiva ao BNC , o deputado publicou um vídeo ao lado de Eduardo Bolsonaro dizendo que, apesar da crise no partido, todos estão unidos na votação em apoio ao governo. “Nada vai mudar”, avisam.
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Traidor, eu?
O deputado não acreditava que havia sido chamado de traidor pelo empresário amazonense. “Eu não vi nada disso”.
Mas quando foi informado que a nota foi publicada, reagiu dizendo que Romero Reis usou um termo equivocado. “Eu não entendo quem é traidor e vota 100% a favor do presidente. Não consigo conceber isso. Traidor (a) deve ser a Joice Hasselmann (PSL-SP) que o empresário tirou foto, levou até o Amazonas e agora está apagando as fotos do Instagram e Faceboock dele”, ironizou.
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Depois de ser destituída por Bolsonaro do cargo de líder do governo no Congresso, a deputada, que também assinou a lista de apoio a Delegado Waldir, virou algoz do governo e ameaça pedir impeachment do presidente pela existência de uma chamada milícia digital funcionando dentro do Palácio doPlanalto.
“Não estou entendendo. Nos dez meses segui todas as orientações do presidente, ajudei a aprovar a reforma da Previdência. E ele viajou com ela para o Amazonas inteiro. Ela é traidora também?”
Questionado se iria procurar o empresário, Delegado Pablo disse que ele não fazia mais parte do partido. “Não tem sentido. Se ele quisesse ter falado comigo entraria em contato antes de sair do partido”,disse.
Conversa com o presidente
Delegado Pablo revelou que recebeu um pedido de Bolsonaro pedindo apoio a indicação do filho para a liderança do partido, pois a Embaixada dos EUA não estava mais no plano do chamado 03.
“Ele explicou as razões dele e nós conversamos. Eu sou muito amigo do Eduardo Bolsonaro, já estivemos várias vezes juntos, viajamos a trabalho. Eu tenho um excelente relacionamento com ele, inclusive exercendo a liderança será um grande líder. Agora, eu só queria que o combinado no início do ano fosse respeitado”, explicou.
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Além disso, explicou ao presidente que faltava apenas dois meses para terminar o ano e o mandato do líder. Sobre uma possível represália ao seu posicionamento, o deputado disse que isso não vai haver.
“Não vai porque nenhuma crise dura tanto tempo. Nós vamos nos acomodar, nos reorganizar como qualquer outra situação colocar tudo de novo nos trilhos. A liderança vai ser exercita e o partido vai continuar”, afirmou.
O deputado deu a entender que a crise continua. “Olha o que a gente busca é um consenso. Tudo pode acontecer, inclusive nada. A gente procura que haja um consenso entre as pessoas e o mais importante é que a escolha seja pela consciência dos parlamentares sem a ingerência de ninguém”,defendeu.
“Todos estão conversando para construir uma liderança de consenso. Eu cheguei aqui mais cedo. Eu estou aqui todos esses dias e só assinei a lista do Delegado Waldir porque esse era um compromisso de todos, inclusive do líder Eduardo Bolsonaro. Esse compromisso não fui eu quem inventou”, finalizou.
Foto: Reprodução