por Israel Conte, da redação
Depois do segundo desentendimento numa comissão parlamentar em uma semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes mostrou que precisa afinar o trato com deputados e senadores.
A avaliação é do deputado federal Marcelo Ramos (PR), que como membro titular da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), presenciou nesta quarta-feira, dia 3, a confusão entre o ministro e o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) , durante debate sobre a reforma da Previdência.
“O ministro, quando se detém nas questões técnicas, vai bem. É o único no governo que tem a absoluta convicção da reforma proposta e que defende, com argumentos veementes, sua lógica liberal. O problema é que ele tem muita dificuldade no trato com o parlamento. Tem muita dificuldade em ser contrariado”, disse o parlamentar.
Marcelo entende que Zeca Dirceu passou do tom quando disse que Guedes era “tchutchuca” com banqueiros e rentistas e “tigrão” com os aposentados, idosos, agricultores e professores.
“Mas o ministro precisa entender que no parlamento, ele está na casa dos outros, e ali ele vai ser confrontado e precisa ter paciência e tolerância”, destacou.
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Na semana passada, em reunião na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Guedes foi grosseiro com a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) e levou uma repreensão do presidente da CAE, senador Omar Aziz (PSD).
Fragilidade
Marcelo Ramos aponta ainda outra fragilidade do ministro, mas desta vez na apresentação na proposta da reforma.
“Faltam os cálculos atuariais demonstrando item por item até chegar nesse R$ 1 trilhão que ele diz que arrecadará em dez anos. Então, a mudança no BPC significará quanto? A mudança na aposentadoria rural significará quanto? A idade mínima significará quanto?”, questiona o parlamentar, que apresentará até amanhã um requerimento pedindo do ministério da Economia, exatamente esses cálculos atuariais.
Centrão decide
Depois da sessão de ontem, que terminou de forma caótica, Ramos conversou com parlamentares e percebeu uma recepção positiva da apresentação de Guedes junto ao Centrão, formado por PP, PSD, MDB, PRB, PR, PSDB e DEM.
Na opinião do parlamentar, o governo deve tirar a análise do PT, que sempre será oposição, e do PSL, que é a base, e focar na análise do Centrão, que é quem vai decidir.
“Pelo que eu conversei com pessoas, pelo que repercutiu no plenário, me parece que pro setor mais importante nesse momento do debate pra eles, que é o setor do Centro, foi positivo. Essa é minha leitura. Eu tiraria qualquer análise da opinião da oposição e do PSL, e centraria toda a análise em quem importa. Porque quem vai decidir se a reforma vai ser aprovada ou não e que mudanças terá, não vai ser o PT e nem o PSL, vão ser esses partidos independentes. E me parece que ele (Guedes) passou bons sinais para esses partidos”, afirmou Marcelo.
Montagem sobre fotos de divulgação: BNC