Após ameaças do presidente Jair Bolsonaro à Zona Franca de Manaus e de seu governo baixar medidas provisórias, decretos e portarias que atingem os inventivos fiscais das indústrias do polo industrial de Manaus, o ministro da Economia , Paulo Guedes, disse, nesta quinta-feira (27), que tem “muito respeito” pelo modelo econômico-industrial do estado do Amazonas e região.
A manifestação de Paulo Guedes ocorreu durante participação dele no evento promovido pela Coalizão Indústria .
O grupo, que representa 45% do PIB nacional, é composto por 15 entidades de classe do setor industrial e a Eletros foi a única instituição representante da ZFM na reunião.
Paulo Guedes reconheceu a importância da Zona Franca de Manaus como modelo para o desenvolvimento regional, assim como para o desenvolvimento da indústria.
Entretanto, considera que no futuro a região deva buscar uma nova configuração voltada à “vocação natural”.
“O mundo espera uma nova razão para a Amazônia, com a possibilidade de uma nova indústria focada em ativos relacionados à biodiversidade e alta tecnologia. É preciso tornar a região um centro de referência para serviços verdes e indústrias de alta tecnologia”, disse o ministro.
Matriz industrial da ZFM
Ao ouvir os comentários do ministro, o presidente da Eletros, Jorge Nascimento, considerou positivo o reconhecimento do modelo não apenas para o desenvolvimento regional, mas também para a indústria brasileira como um todo.
No entanto, Nascimento fez considerações sobre a opinião de Paulo Guedes de que a Amazônia deve no futuro buscar sua vocação regional, aproveitando os recursos da biodiversidade.
“Entendemos o que se pretende dizer. Porém, como já ocorreu em falas similares, proferidas por outras personalidades, faltou a consideração de que não se deve ter a substituição, mas sim a complementação do que se tem hoje, que é a matriz industrial da Zona Franca de Manaus”, ponderou o presidente da Eletros.
Nascimento ressaltou ainda que toda diversificação ou novos rumos para o desenvolvimento da região amazônica só ocorrerá as partir do fortalecimento do polo industrial de Manaus.
Fim do IPI
No encontro da Coalizão Indústria, o ministro chegou a repetir várias vezes que a Zona Franca de Manaus tem que ser respeitada.
Salientou ainda que a a indústria nacional precisa do fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), mas que o governo sabe também que se acabar com o IPI a ZFM será fortemente impactada de forma negativa, mas o governo tem que respeitar a Zona Franca e não quer acabar com o modelo industrial amazonense.
Ataque ao setor eletroeletrônico
O ministro da Economia também mencionou a última decisão do governo sobre a redução, em 10%, do imposto de importação dos eletroeletrônicos (celulares, computadores), das máquinas e equipamentos.
A redução tira a competitividade dos produtos fabricados na Zona Franca de Manaus em relação à indústria que está produzindo celulares e computadores fora do Amazonas
Aos empresários do setor, como a Eletros e Abinee, Paulo Guedes disse que a medida foi necessária porque o governo entende que o Mercosul precisa ser modernizado e que essa abertura comercial faz parte do plano de governo.
No entanto, o ministro reafirmou que o governo não vai fazer nada que prejudique a indústria nacional.
Integrantes da Coalizão Indústria e o ministro Paulo Guedes Foto: Eletros/divulgação
Estratégias do governo
Aos empresários e executivos, o ministro da economia detalhou a estratégia do governo na condução da política econômica, tratou sobre a reforma tributária, abertura comercial e os desafios para redução do custo Brasil.
Para o presidente da Eletros, no geral, o encontro de Paulo Guedes com a Coalizão Indústria foi muito produtivo especialmente porque houve uma renovação do compromisso do governo com o desenvolvimento do setor produtivo.
Coalizão Indústria
Os setores que compõem a Coalizão Indústria e representam 45% do PIB brasileiro, o equivalente a R$ 3,33 trilhões, são: aço, automotivo, brinquedos, calçados, cimento, comércio exterior, construção civil, elétrico e eletrônico, farmacêuticos, máquinas e equipamentos, plástico, químico e têxtil.
Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas