Político de esquerda que, em Manaus, sem aliança, ficou em segundo lugar na eleição suplementar do ano passado, deixando para trás o ex-governador e senador Eduardo Braga (MDB), o deputado estadual José Ricardo (PT) já é dado como carta fora da disputa pelo governo do Estado em 2018.
A própria corrente interna que lidera no PT, a Mensagem, decidiu na última quinta-feira, dia 31, que ele não deve encarrar essa disputa e, ao invés disso, apostar em uma campanha por uma das oito vagas da bancada do Amazonas na Câmara dos Deputados.
A estratégia dos aliados petistas do parlamentar será formalizada em reunião ampliada do Diretório Estadual do PT, marcada para ocorrer no próximo dia 17 de fevereiro.
Duas variáveis principais pesam nessa estratégia:
1) O fato do PT nacional ter decidido que a eleição de governadores do partido não será prioridade da legenda este ano e que o principal foco da sigla será a volta de Lula à Presidência da República e a eleição de deputados federais;
2) A possibilidade do PT perder sua representação na Assembleia Legislativa do Estado e, consequentemente, continuar sem deputado federal pelo Amazonas, caso não conquiste o governo estadual.
O próprio deputado José Ricardo é reticente quanto a disputa estadual. Ele tem dito desde o ano passado que seu foco seria o Congresso.
Mas dentro do PT há militantes que acham que o parlamentar tem chances de ser governador e dão como mostra a votação que ele recebeu ano passado ao cargo e informações de bastidores de pesquisas qualitativas que o consideram um nome novo com potencial para sucessão estadual.
Ainda não há estudos eleitorais sobre a migração dos eleitores de José Ricardo, mas a saída dele do páreo provocará alterações nas sondagens que estão sendo feitas para consumo interno e as que serão feitas em breve.
Sobrevivência
Outro fator que reforça a estratégia petista e inelegibilidade do ex-presidente Lula e a possibilidade de sua prisão.
Com o ex-presidente fora da corrida presidencial, os petistas sabem que precisarão sobrevier sem a sombra de Lula, ou seja: sabem que precisarão de dinheiro, mais do que discurso.
Nesse caso, para ter recursos financeiros lícitos, só por meio do fundo partidário que será grande se eleger uma grande bancada federal ou pequena, caso ocorra o contrário.
Assim sendo, José Ricardo sabe que terá o apoio da cúpula nacional, já que, anualmente, cada deputado federal, rende para o partido R$ 2 milhões, ou R$ 3 milhões em ano de campanha.
Foto: BNC