Petistas foram a generais saber se havia risco, caso Lula fosse solto

Publicado em: 22/12/2018 às 09:00 | Atualizado em: 22/12/2018 às 12:39

Representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) procuraram ao menos dois generais para saber qual a reação deles caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse posto em liberdade.

Isto aconteceu duas semanas antes de o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. As informações são do Estadão.

O atual comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, tiveram reuniões com petistas no início de dezembro, apurou a repórter Tânia Monteiro.

A resposta de ambos foi de que esta é uma questão da Justiça, que “é soberana”, e não caberia às Forças Armadas emitirem opinião sobre o assunto.

Os interlocutores de Lula ouviram, porém, a avaliação de que seria uma tentativa de criar instabilidade antes da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

À época, não estava cogitada a decisão monocrática do ministro Marco Aurélio, tomada às vésperas do recesso do Judiciário e derrubada ontem pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli.

A mobilização em torno do tema prisão após segunda instância incluiu também políticos alinhados ao centro e até ao governo do presidente Michel Temer.

O senador Jorge Viana (PT-AC) esteve com Etchegoyen em audiência no início do mês.

Também se encontrou com Villas Bôas, conforme apurou a jornalista do Estado.

Outro interlocutor que conversou com outros generais foi o ex-ministro da Defesa na gestão petista Celso Amorim.

Procurado, Viana não quis se manifestar. Uma das preocupações era com a saúde de Lula.

Esta não foi a primeira vez que o PT buscou militares para tratar do caso Lula.

Em 27 de abril, Amorim procurou interlocutores militares para tentar transferir Lula da Polícia Federal, em Curitiba (PR), para um quartel do Exército e ouviu que a medida não tinha amparo legal.

Além de ser ilegal, esta era última coisa que os militares queriam – consideravam inadmissível Lula preso em unidade militar.

 

Foto: Reprodução/Tribuna do Ceará