PL Amazonas fecha com Bolsonaro e complica situação de Ramos

Enquanto Alfredo Nascimento afirma que o partido vai apoiar a reeleição de Bolsonaro, deputado vice da Câmara jura que não vai subir nesse palanque

PL Amazonas fecha com Bolsonaro e complica situação de Ramos

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 19/11/2021 às 20:04 | Atualizado em: 26/11/2021 às 06:41

Dois dias depois de participar da reunião das lideranças estaduais com o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, onde foi tratada a sucessão presidencial e a filiação de Jair Bolsonaro na legenda, o presidente do PL do Amazonas, Alfredo Nascimento, foi claro e direto:

 “O partido vai seguir a orientação nacional. Portanto, fechou questão no apoio à reeleição do presidente Bolsonaro”.

E como fica a situação do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM)?

Vai sair do partido por livre decisão, será expulso, caso desobedeça às decisões partidárias, ou será convidado a se retirar da sigla?

Ramos, declaradamente adversário do presidente da República e do governo dele, tem reiterado que não subirá no palanque em que Bolsonaro estiver.

Instado a responder aos questionamentos do BNC Amazonas, Nascimento não disse claramente o que vai acontecer com Ramos. Falou apenas que é uma decisão nacional e, como presidente da legenda no Amazonas, vai seguir as orientações do presidente Valdemar Costa Neto.

“Sobre o que o Marcelo [Ramos] vai fazer, essa pergunta deve ser dirigida a ele. É certo que não há obrigação de seguir a norma nacional porque tem verticalização. O partido tem autonomia, mas fizemos um acordo que vamos apoiar o presidente Bolsonaro no estado”, reiterou o líder do PL.

Leia mais

Pauderney convida Marcelo Ramos para se filiar ao União Brasil

Para Alfredo Nascimento, é de interesse do partido apoiar o presidente da República porque isso fortalece a legenda, seus membros e ajuda a levar ações e recursos para o Amazonas.

Segundo ele, com filiação de Bolsonaro, o PL deverá se tornar a maior legenda da Câmara: sairá dos atuais 43 para cerca de 70 deputados federais.

Conversa com Valdemar

O deputado Marcelo Ramos, que acaba de voltar da Europa, onde participou de COP 26 e teve agendas em outros países, disse que conversou por telefone com o presidente nacional do PL.

“O Valdemar deseja que eu fique no partido consciente de que eu não estarei no palanque do Bolsonaro. O Alfredo [Nascimento] sempre me tratou com respeito, nunca tivemos conflito, mas eu reafirmo o que disse anteriormente: eu não estarei no palanque de Bolsonaro”.

Quanto a ficar ou sair do partido, Ramos contou que vai ter uma conversa pessoalmente com o presidente nacional da legenda para ter essa definição.

 “Eu sei o que eu paguei quando cedi para fazer aquela composição com o Eduardo Braga em 2017. Eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes”.

A aliança a que Ramos se refere ocorreu na eleição suplementar, após a cassação do governador José Melo.

O deputado foi vice de Braga na chapa ao Governo do Estado, cuja eleição foi vencida por Amazonino Mendes.

Unanimidade por Bolsonaro

Nascimento contou que, na reunião realizada na última quarta-feira (17), os presidentes dos diretórios regionais do PL aprovaram por unanimidade a entrada do presidente da República na legenda.

Além disso, nos estados onde tiver candidato próprio o partido deverá abrir o palanque para Bolsonaro.

No caso do Amazonas, onde o PL não deverá apresentar nome ao Governo do Estado, o partido, seus parlamentares e correligionários deverão marchar com a candidatura do presidencial.

Questionado sobre qual nome deverá apoiar no estado, pelo menos os que já estão postos, como o do governador Wilson Lima e dos ex-governadores Amazonino Mendes e Eduardo Braga, o presidente do PL estadual disse que essa decisão virá mais tarde.

No entanto, Nascimento disse ter uma certeza:

“Vamos apoiar aquele candidato a governador que declarar apoio ao Bolsonaro”.

Uma década com o PT

O ex-ministro dos Transportes dos presidentes Lula e Dilma também falou sobre ter estado por quase uma década ao lado dos governos petistas, inclusive foi eleito senador, em 2007, na chapa de esquerda.

E agora, muda de lado para apoiar um governo de direita.

“Em política o que é importante o lado que você representa, e eu sempre represento o Amazonas. O partido que você está filiado muda muito. Esquerda ou direita, depende muito do momento, E este é o momento de um governo forte que a gente precisa se aliar para fortalecer o Brasil e o estado do Amazonas”.

Falando do futuro político, se vai sair candidato ao governo, deputado federal, estadual ou senador, Nascimento declarou que ainda não tem essa decisão no momento porque não faz política sozinho, mas em grupo.

 “Tentei fazer sozinho uma e errei. Por isso, tenho que ter essa cautela, conversar com todo mundo, com partidos, mas só há um requisito: que apoie a reeleição do Bolsonaro”, sentenciou o presidente do PL-AM.

Foto: divulgação