O nome da subsecretária de Supervisão e Estratégia do Ministério da Economia, Luiza de Amorim Motta Deusdará, cotada para assumir a Suframa no lugar do general Algacir Polsin, não foi bem recebido em parte do meio empresarial nem político.
A mudança na Superintendência da Zona Franca de Manaus estaria sendo articulada, em Brasília, nas últimas semanas. E os bastidores políticos dão conta de que o deputado federal, citado pela mídia amazonense, seria o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM).
O BNC Amazonas procurou o deputado Alberto Neto, questionou a suposta autoria da articulação dele em torno da futura superintendente da Suframa, mas não obteve resposta.
Sobre o nome de Luiza Amorim para assumir a superintendência, uma fonte do polo industrial do Amazonas em Manaus (PIM ) disse, em off , conhecer a candidata ao posto, mas não crê em sua nomeação. “A Suframa é muita areia para o caminhãozinho dela”, declarou a fonte com sarcasmo.
A parte da indústria, reticente ao nome de Luiza de Amorim Motta Deusdará, diz ainda não gostar do trabalho que ela desenvolve junto às indústrias do estado do Amazonas.
De acordo com as informações colhidas pelo BNC, ela é muito próxima do presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, e ligada à Confederação Nacional da Indústria (CNI) da qual Silva é um dos vice-presidentes executivos.
Repercussão política
Além de sondar o Capitão Alberto Neto sobre a suposta articulação na mudança do comando da Suframa, o BNC também procurou deputados e senadores da bancada amazonenses em busca de informações mais consistentes a respeito do fato. A negativa foi geral.
Mas, somente quem falou a respeito dessa movimentação atípica foi o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM).
“Não estou sabendo dessa mudança, mas seria um erro mexer agora com os bons resultados que a ZFM tem apresentado sem crise nem com a política nem com o empresariado. Estamos em boas mãos, visto que Polsin faz um bom trabalho e tem meu apoio”, declarou Ramos.
Sem interferência
Questionado se seria ele o autor da articulação – uma espécie de ironia já que o vice-presidente da Câmara é adversário declarado do presidente Bolsonaro, portanto, sem poder político para mexer ou interferir no segundo escalão do governo federal – Marcelo Ramos respondeu:
“Não interfiro em nomeações do governo. Tenho mais o que fazer. Fui eleito para legislar, fiscalizar e viabilizar recursos para os municípios”.
Na Suframa, não existe nada oficial a respeito da mudança de comando. Mas, o que se sabe extraoficialmente é que a ideia não vingou e que, a princípio, tudo permanece como está.
Outro motivo para a tentativa de mudar a direção da Suframa nesse momento não prosperar tem a ver com a filiação ou não do presidente Bolsonaro ao PL.
Articulação não vingou
O ingresso do presidente ao Partido Liberal estava marcado para o próximo dia 22 de novembro, mas os desentendimentos entre Bolsonaro e o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, pode adiar ou até cancelar a filiação de Bolsonaro e família no PL.
Nesta quarta (17), Costa Neto se reunirá com dirigentes regionais do partido para discutir o imbróglio da filiação de Bolsonaro. O encontro será às 15h na sede do partido em Brasília.
Fatura do PL
Caso o impasse com o presidente da República seja resolvido e ele ingresse nas fileiras liberais, há quem diga que a “fatura” da Suframa será cobrada pelo ex-senador e ex-deputado federal Alfredo Nascimento, o presidente estadual da legenda.
É só lembrar que Alfredo Nascimento já foi superintendente da Suframa entre os anos de 1990 e 1991.
Procurado para se manifestar a respeito dessa articulação, o ex-senador não retornou às mensagens.
Foto: Chumbo Grosso Manaus/reprodução