O ato de assinatura da ficha de filiação do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (AM), ao Partido Social Democrático (PSD), nesta quarta-feira (09), serviu para demonstrar alguns fatos e cenários das eleições de 2022.
O que se captou dos discursos e das presenças ilustres na solenidade é que o PSD nacional e do Amazonas sai fortalecido com a presença de Marcelo Ramos.
E que pensava que a entrada dele iria ofuscar ou prejudicar candidaturas nas eleições de outubro, foi surpreendido com a coesão e firmeza da bancada pessebista do Amazonas.
Citando nominalmente o deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) – que o conduziu à filiação em nome da Câmara dos Deputados –, Ramos disse que, antes de decidir entrar na legenda, conversou muito com ele.
E que desistiria da empreitada caso sua decisão fosse prejudicar a reeleição do colega de bancada e amigo de longa data.
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Leite disse que a entrada de Ramos só engrandece o partido visto que se conhecem desde o tempo que atuaram juntos como deputados estaduais.
Depois, estiveram unidos no projeto de candidatura à Prefeitura de Manaus e, agora, no mesmo mandato de deputado federal. Também citou a campanha que fez pela vice-presidência da Câmara.
“E a nossa defesa pública em favor da Zona Franca de Manaus, do nosso Amazonas e da Amazônia como um todo sela essa nossa ligação que mais do que nunca vai se fortalecer com chegada dele ao PSD”.
Questionado se a entrada de Ramos no PSD atrapalharia sua reeleição, Leite lembrou que o resultado das eleições, com suas regras valendo para todos – como o quociente eleitoral de 230 mil votos para eleger um deputado federal no Amazonas – virá com o trabalho que será feito em conjunto.
Reeleição da bancada
“Vamos trabalhar para reeleger nós dois. Estaremos juntos na campanha com a mesma bandeira em defesa do Amazonas, guerra contra a fome, o desemprego, saúde, segurança alimentar e pela democracia. Esse é o objetivo do PSD do Amazonas”, disse Leite.
O senador Omar Aziz, coordenador da bancada do Amazonas no Congresso, deu as boas vindas em nome do Senado. Disse que Ramos tem a formação politica parecida com a dele. Afirmou ainda que o deputado terá toda a liberdade dentro da legenda e que o partido vai respeitar as posições políticas que tiver.
O presidente do PSD Amazonas disse ainda que uma das metas do partido é eleger toda a bancada, hoje com uma cadeira no Senado e duas na Câmara dos Deputados.
“Nós vamos trabalhar unidos para reeleger tanto o senador Omar, eu, o deputado Sidney Leite e, se vacilarem, a gente elege mais um deputado federal”, afirmou Ramos.
Prestígio no alto escalão
Outra constatação verificada na filiação foi o prestígio de Ramos nos altos escalões do Congresso Nacional.
Na solenidade, esteve presente desde o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente estadual do PSD, senador Omar Aziz, o líder do partido, deputado Antônio Brito (BA), e outra constelação de deputados e senadores da legenda.
À unanimidade, Ramos foi elogiado pela sua ascensão meteórica no parlamento, visto que é estreante no mandato.
Pacheco, por exemplo, exaltou as qualidades e competência do parlamentar amazonense, especialmente na cadeira de vice-presidente do Congresso, dizendo que Ramos, além de ter liderança e boas ideias, sempre traz uma solução para os problemas.
“Quando toca o telefone e é ele na outra linha, a gente cuida logo de atender rapidamente porque sabe que vem sempre uma boa ideia, seguida de uma solução”, disse Pacheco.
Kassab não soube onde colocar a figura de Ramos e a importância dele para o PSD. Abriu as portas da legenda e disse que vai respeitar a posição política que tiver que tomar daqui por diante.
Motivos para filiação
Reverenciado por sua trajetória ascendente no Congresso, apesar de estreante no mandato federal (2019-2023), Ramos disse os motivos por que escolheu o PSD para se filiar.
Segundo ele, o PSD está no centro da política ideológica e busca fazer a moderação desse desse debate entre esquerda e direita. E a escolha, afirmou, é “justamente porque o PSD não tem esse estereótipo” nem reivindica para si bandeiras como a fome, direitos, humanos, meio ambiente.
“O PSD nem outro partido ou organização não são donos dessas bandeiras, que luta por elas. Por isso, é moderado, está no centro do debate e da boa política”, disse Ramos.
O vice-presidente da Câmara exaltou os quadros do partido e que busca com isso fazer a reflexão necessária sobre os problemas do país sem se preocupar apenas com o jogo do tabuleiro eleitoral, somente com o número de deputados e senadores que compõem a bancada ou serão eleitos.
O terceiro motivo alegado por Ramos para entrar no PSD foi a garantia de que a legenda não vai fazer parte do palanque de reeleição do presidente Bolsonaro.
Guerra contra a fome
Ao criticar o governo, o novo pessebista citou os 20 milhões de brasileiros que passam fome, as 120 milhões de pessoas que estão em insegurança alimentar; os 13 milhões de desempregados, inflação alta, chegando aos dois dígitos, juros altos entre outras mazelas sociais.
“Quero aproveitar esse ato público para propor ao PSD e toda a sua direção que adotemos como meta fazer uma frente, uma campanha declarando guerra contra a fome. Nós, os políticos e toda a sociedade devemos nos engajar para tirar pôr comida no prato de cerca de 140 milhões de pessoas que não tem o que comer ou que comem menos do que deveriam em absoluta insegurança alimentar”, afirmou Ramos.
E o quarto motivo que alegou para a filiação é o fato de o PSD ser um partido essencialmente liberal na sua visão econômica. Percebe, segundo Ramos, que o Estado não é produtor de riqueza, mas um subproduto daquilo que é fomentado pela iniciativa privada.
“O papel do Estado é ser o indutor da atividade privada, do ambiente de negócio. Promover a saúde e oferecer projetos que ajudem na criação de empregos e isso ocorre quando o Estado dar condições à iniciativa privada sem atrapalhar o seu desenvolvimento”.
Fotos: divulgação PSD