O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD), voltou a cobrar o cumprimento de um acordo feito com a direção do PL para que fosse mantido na Mesa Diretora após sua saída do partido.
Ramos, que se tornou um opositor ao governo de Jair Bolsonaro (PL), avaliou na época que não poderia permanecer na sigla após a chegada do presidente.
Nesta quinta-feira (12), segundo a Folha de S.Paulo, Bolsonaro pediu ao presidente do seu partido, Valdemar Costa Neto, para retirar o deputado amazonense do cargo de vice-presidente.
“Na Câmara acordos são cumpridos. A quebra de acordos é a quebra da confiança que garante estabilidade mesmo num ambiente diverso como o nosso. O PL assinou um acordo, avalizado por todos, e cinco meses depois que mudar o acordado por uma intervenção indevida do presidente”, reagiu Ramos nesta sexta-feira (13).
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O deputado se encontra amparado numa decisão, em liminar, do vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, determinando que o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que se abstenha de acatar qualquer pedido do PL para afastar o amazonense do cargo.
Além disso, Ramos possui uma carta de Costa Neto atestando que a sua saída do PL não levaria o partido a pedir seu mandato e nem o cargo na Mesa. O deputado apresentou o documento ao TSE.
Retaliação
O deputado classificou a atitude de Bolsonaro como retaliação às críticas que faz ao seu governo, em especial aos decretos do Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI) que afetaram a competitividade da Zona Franca de Manaus.
“Há milhões de pessoas passando fome, milhões de desempregados, o país em crise, e o presidente [Bolsonaro] está preocupado com o meu cargo?”, questionou Ramos ao Valor.
Ele lembrou ainda que o precedente da Câmara é pela manutenção dos deputados na Mesa Diretora quando mudarem para partido que compunha o mesmo bloco parlamentar da sigla pela qual eleitos.
Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados