Reverendo queria levar vendilhões de vacina para tratar com Bolsonaro
A AstraZeneca diz que negocia diretamente e apenas com governos, sem intermediários

Diamantino Junior
Publicado em: 14/07/2021 às 11:15 | Atualizado em: 14/07/2021 às 11:18
Mensagens no celular do policial que denunciou um suposto pedido de propina no Ministério da Saúde apontam que o grupo do qual ele faz parte procurou o presidente Jair Bolsonaro para tratar do negócio de compras de vacina AstraZeneca por meio da intermediária americana Davati.
A CPI da Covid no Senado tenta ouvir os envolvidos ainda esta semana.
O elo entre o grupo e o presidente seria o reverendo Amilton Gomes de Paula, que foi convocado a depor na CPI da covid.
O depoimento estava marcado para quarta-feira (14), mas ele apresentou um atestado médico que o impede de depor por 15 dias.
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Nesta terça-feira (13), uma junta médica do Senado foi até a casa do reverendo para fazer uma perícia e confirmou os problemas de saúde.
Amilton se tornou alvo dos senadores após a revelação de que uma entidade comandada por ele teria participado de negociações de vacinas com o Ministério da Saúde.
A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, a Senah, chegou a ser reconhecida pelo ministério em documentos como intermediária na negociação paralela por 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com a Davati, empresa americana localizada no Texas.
A AstraZeneca diz que negocia diretamente e apenas com governos, sem intermediários.
Agenda de Bolsonaro
Não há registro de encontro do presidente com líderes religiosos no dia seguinte, mas sim dois dias depois.
No dia 15 de março, Jair Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto líderes religiosos para um encontro de duas horas. O nome de Amilton não consta dos participantes do evento.
Segundo a agenda oficial do presidente, a reunião durou duas horas, entre 16h e 18h.
No mesmo dia, às 17h, Dominghetti pergunta a um auxiliar do reverendo Amilton: “Como foi a visita do reverendo ao 01?”. Amauri responde: “O reverendo nesse momento está com o 01″.
Amauri é identificado na agenda de Dominghetti como “Amauri vacinas embaixada”, uma referência a outro nome usado pela Senah, de Embaixada Mundial pela Paz.
Já no dia 16, a conversa de Dominghetti é com o reverendo Amilton. O nome registrado pelo policial em sua agenda é reverendo Anderson, mas a TV Globo apurou que o número é usado por Amilton.
Questionado por Dominghetti sobre atualizações, Amilton diz: “Ontem falei com quem manda! Tudo certo! Estão fazendo uma corrida compliance da informação da grande quantidade de vacinas!”.
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Foto: Divulgação