Por Iram Alfaia , de Brasília
O deputado José Ricardo (PT) aguarda reunião da bancada do seu partido nesta terça-feira, dia 11, para ver quais as iniciativas que serão tomadas pela sigla diante da gravidade apresentada nas reportagens do site do Intercept Brasil sobre as mensagens suspeitas trocadas entre o então juiz Sergio Moro (ministro da Justiça) e o procurador Deltan Dallagnol.
No entanto, ele diz que é certo que os envolvidos devem ser investigados, a exemplo da iniciativa da liderança do PDT que já vai ingressar com um pedido de CPI para apurar o conteúdo dos documentos.
As conversas revelam que o então juiz Sergio Moro orientou Dental Dallagnol na condução dos trabalhos da Lava Jato, o que fere o artigo 254 do Código de Processo Penal.
“Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; […]
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; […]”.
No caso, Moro deixou de ser juiz para orientar uma das partes. “É um motivo de preocupação e indignação. Preocupação porque mostra a fragilidade dos processos da Operação Lava Jato. Direcionamento, juiz intervindo. Indignação porque pelo visto isso influenciou decisão, principalmente envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula”, disse o deputado ao BNC.
José Ricardo diz que pelo visto foram coisas combinadas, o que enfraquece as ações da Justiça e do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Lava Jato. Embora Moro não seja mais juiz, o deputado admite que cabe ação também no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Conselho do Ministério Público Federal.
Obstrução
O parlamentar do Amazonas disse que ainda nesta segunda-feira, dia 10, iria conversar com o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS).
Em coletiva, junto com lideranças de outros partidos, Pimenta anunciou que o partido vai entrar em obstrução até que Sergio Moro seja afastado do cargo de ministro.
Ele diz que foi montado um conluio na condução da Lava Jato para impedir a candidatura de Lula e a vitória de Fernando Haddad nas eleições de 2018. “É urgente que a Polícia Federal faça uma investigação isenta dos fatos, mesmo que um dos principais envolvidos nas denúncias seja o ministro da Justiça”, disse à Agência Câmara.
Segundo a Agência, o líder informou ainda que há várias ações sendo discutidas no âmbito do Legislativo, como pedido de CPI para investigar o caso e convocação de Moro; e no âmbito do Judiciário, pedir o afastamento do ministro e dos procuradores a fim de preservar as investigações.
“Ele é nada mais, nada menos, que o chefe da PF. São medidas cautelares tanto em relação ao Moro quanto aos procuradores. Para que não interfiram nas investigações, não destruam provas, não coajam testemunhas, não apaguem rastros de eventuais crimes que cometeram”, afirmou.
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