SSP-AM sabia do plano de fuga e do reveillón dos presos, diz ministro

STF

Publicado em: 04/01/2017 às 13:25 | Atualizado em: 04/01/2017 às 13:25

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, prossegue nesta quarta, dia 4, com um discurso que passa a ideia de que a crise prisional do Amazonas é isolada do resto do país, como se tentasse eximir o governo federal de qualquer responsabilidade com a questão.

Segundo matéria publicada pela Agência Brasil, ele afirma que a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) possuía informações sobre a possível fuga em massa de presos em penitenciárias do estado entre o Natal e o Ano Novo, antes do massacre que deixou 56 pessoas mortas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e outras quatro na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP).

Esses números são os que estão sendo divulgados pelos órgãos oficiais da SSP. Fontes policiais e familiares contestam e afirmam ser bem mais alto o total de vítimas e de fugitivos. No quarto dia do acontecimento,

“Nós tivemos informação, governo federal, desses informes de inteligência. Não é obrigação de passar informe de inteligência para o governo federal. O governo estadual disse que tomou todas as providências para evitar a fuga”, disse Moraes após se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmén Lúcia.

Moraes negou, que o governo federal tivesse conhecimento do planejamento de fuga antes da rebelião que durou cerca de 17 horas no Compaj no dia 1º.

Ao ser perguntado sobre novas rebeliões, numa possível retaliação do PCC contra a FDN, Moraes respondeu que “nesse momento não, mas rebeliões surgem de repente”.

O ministro afirmou que o sistema de inteligência e a Polícia Federal de todos os estados fazem uma ação conjunta com o Ministério da Justiça para monitorar e evitar novas ocorrências.

Moraes disse que não é possível afirmar, neste momento, se o governo amazonense deixou de atuar adequadamente para impedir a rebelião e as mortes nos presídios do estado.

“O governo estadual disse que tomou todas as providências para evitar a fuga. Não está caracterizada nenhuma omissão até o momento. As razões vão ser investigadas pela Polícia Civil”, disse Moraes.

“O que é possível afirmar é que uma série de erros ocorreu. Se não, não teria ocorrido o que aconteceu”, afirmou o ministro, que esteve em Manaus logo depois do fato.

O ministro disse que ficou constatado a presença de armas de grosso calibre e o uso de celulares à vontade pelos presos dentro do Compaj. Ele culpou os responsáveis pelo controle de entrada do presídio pelas falhas de segurança.

“Se as armas entraram, foi falha da fiscalização daqueles que devem tomar conta da entrada do presidio, se celulares entraram, também falha da administração, se bebidas entraram, da mesma forma”, afirmou Moraes.

“Eu não tenho dúvidas em afirmar que houve falha de quem toma conta da penitenciária. Porque senão não teria entrado facão, armamento pesado, bebida e celular. Agora, estender isso a outras autoridades, só se houver prova”, acrescentou o ministro da Justiça.

 

Festa de reveillón

Segundo Moraes, as investigações irão agora apurar se as mortes e a rebelião foram provocadas com o objetivo específico de permitir que as lideranças das facções criminosas escapassem da prisão.

Um dado destacado pelo ministro foi o fato de que, mesmo com informes de inteligência sobre uma possível fuga, foram permitidas visitas na noite de Ano Novo.

Vídeos publicados na internet pelos próprios presos após o massacre mostram a realização de uma festa de reivellón, com o consumo de drogas, algumas horas antes da rebelião.

 

Foto: BNC