Bosco Saraiva volta a ser cogitado para comandar Suframa

Ascensão do deputado federal está sendo articulada por membros da bancada amazonense no Congresso, que rejeita José Ricardo (PT)

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 26/01/2023 às 11:00 | Atualizado em: 26/01/2023 às 11:20

A ida do deputado federal José Ricardo (PT-AM) para a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) estava quase pavimentada, mas surgiu um entrave político nas negociações.

Quase um mês após o início da nova gestão federal, o presidente da República, Lula da Silva (PT), ainda não oficializou um titular para a pasta.

Dessa forma, um outro nome voltou à cena: o do deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade-AM).

Tanto Ricardo quanto Saraiva não conseguiram se reeleger nas eleições de 2022.

Informações de bastidores, obtidas pelo BNC Amazonas, dão conta de que membros influentes da bancada do Amazonas no Congresso Nacional rejeitam Ricardo. Ele não teria mais expressão política no grupo.

Consequentemente, articulam  outra alternativa junto ao governo.

Esse mesmo grupo de parlamentares amazonenses já havia posto à mesa o nome do empresário Orsine Rufino Júnior, ex-presidente da Amazonastur (empresa de turismo do Governo do Estado), para o cargo de titular da Suframa.

Por outro lado, o nome de Ricardo é bancado principalmente pelo PT do Amazonas, pois, como economista, é conhecedor da ZFM e do imbricado sistema tributário que envolve o Polo Industrial de Manaus. 

Além disso, o petista também vem recebendo, desde o período de transição, apoios de entidades, sindicatos e movimentos sociais do Amazonas.

Conhecimento de causa

Os institutos federais de educação, ciência e tecnologia dos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, que fazem parte da Amazônia Ocidental e área de abrangência do polo industrial de Manaus e da Suframa, publicaram carta de apoio ao parlamentar.

Na avaliação dos reitores dos institutos, o nome a ser indicado precisa ser de uma pessoa que conheça a Amazônia, que seja um técnico ligado à economia, com conhecimento em bioeconomia, que tenha uma boa relação com o setor industrial e, principalmente, com as instituições de ensino, pesquisa, extensão e inovação tecnológica.

O apoio dos reitores dos institutos ao deputado do PT se dá em virtude da formação acadêmica e ao mandato desenvolvido na Câmara, sempre em defesa da ZFM.

Os reitores alegam ainda que Ricardo foi o parlamentar que mais recursos de emendas destinou às instituições públicas que produzem ciência e tecnologia no Amazonas (Ifam, UEA, Ufam, Inpa, Fiocruz, Embrapa), “o que credencia para ser o superintendente da ZFM na nova gestão do presidente Lula”.

Apoio dos economistas

Já a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed), seção Amazonas, defende o nome de Ricardo porque ele teria, nesses últimos quatro anos, lutado para a manutenção dos incentivos do modelo frente aos inúmeros ataques do governo Bolsonaro.

A carta de apoio dos economistas informa que foram dez projetos de decretos legislativos para suspender decretos presidenciais que prejudicavam as empresas.

O deputado também apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC), referente à reforma tributária, para garantir a manutenção da ZFM; e ingressou com representações na Assembleia Legislativa do Estado, Ministério Público Federal e conselho federal da OAB contra a diminuição do IPI em todo o país.

Articulação e conversas

Questionado sobre esse movimento de articulação em torno da Suframa, Ricardo não quis especular.

Disse apenas que já conversou com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para quem entregou o relatório da equipe de transição sobre a ZFM e sua situação.

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Assim como dialogou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no dia da posse de Lula.

 “Falei com ele sobre a Zona Franca de Manaus, o cuidado e a determinação que o presidente tem em manter o nosso modelo econômico”, disse o parlamentar.

Se vai ser ele ou não o superintendente, Ricardo disse apenas que defende que seja alguém da região. “Se possível, do Amazonas e com conhecimento sobre a ZFM”.

Por outro lado, Saraiva saiu à francesa desse debate e movimentos políticos em torno do comando da Suframa:

“Não faço a menor ideia sobre essas articulações em torno do meu nome. Estou firme no propósito de cumprir em 2023 meu ano sabático”.

Foto: divulgação