O percentual de suicídios no Amazonas entre mulheres cresceu 88,3% entre 2007 e 2016.
É a maior evolução da taxa de morte por intoxicação exógena (envenenamento) do Brasil entre pessoas do sexo feminino.
O dado alarmante foi divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) nesta quinta-feira, 20, como parte das ações do mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, “Setembro Amarelo”.
O levantamento aponta que o envenenamento é o meio utilizado por mais da metade das tentativas de suicídio entre homens e mulheres notificadas no país.
Com relação aos óbitos, a intoxicação é a segunda causa, com 18%, ficando atrás das mortes por enforcamento, que atingem 60% do total.
Entre 2007 e 2016, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 óbitos por suicídio. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notificação de 11.433 mortes por essa causa.
Recursos
Por conta do alto índice de suicídio, Manaus é uma das seis capitais consideradas prioritárias para receber recursos de R$ 1,4 milhão para a realização de projetos nas Redes de Atenção Psicossocial (RAPS).
O Amazonas também foi um dos estados habilitados para implantação de dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em 2017. De acordo com dados do MS, nos locais onde existem CAPS, uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em até 14%.
Prevenção
O suicídio é um fenômeno complexo e multifacetado, que pode afetar indivíduos de diferentes, origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero.
Dentre as intervenções universais de prevenção do suicídio, destacam-se as relativas à restrição aos meios de suicídio (controle de armas de fogo e de acesso a agrotóxicos), a redução do uso prejudicial de álcool e outras drogas e a conscientização da mídia para comunicação responsável sobre o tema.
“Conversar sobre como agir nessas situações é fundamental para quebrar os mitos que existem hoje. A sociedade precisa estar orientada em relação as modalidades de tratamento para que as pessoas possam ter o cuidado de acordo com a necessidade clínica”, ressaltou o Coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro.
Assistência
Para atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de redução de 10% dos óbitos por suicídio até 2020, o Ministério da Saúde lançou no ano passado uma agenda estratégica de prevenção.
Para a realização de ações de prevenção ao suicídio, serão liberados R$ 4,5 milhões para o desenvolvimento de pesquisas que sobre o risco de suicídio e saúde psicossocial em pessoas vivendo com HIV e acometido por transtornos mentais, que contará com a colaboração de pesquisadores internacionais.
Além disso, outros R$ 500 mil foram liberados para a ampliação da gratuidade nas ligações para o telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV), o 188, que atende cidadãos em busca de ajuda.
Nas comunidades indígenas, as ações de prevenção e qualificação do atendimento reduziram em um ano, 10,2% óbitos nos DSEIs com Linha de Cuidado de Prevenção do Suicídio implantada.
Foram capacitados 550 profissionais nas linhas de cuidado locais de prevenção do suicídio, realizadas duas oficinas em locais prioritários e qualificadas ações de saúde indígena nos CAPS, com foco em ações nos territórios indígenas, realizadas coletivamente com a comunidade, em especial jovens e lideranças indígenas.
Arte: Alex Fidelis/BNC