O governo que decretou intervenção federal no Rio de Janeiro, em fevereiro, como mostra de sua mais efetiva ação contra o crime organizado no país, é o mesmo que acaba de escancarar as portas para o tráfico de droga e armas contrabandeadas nas fronteiras.
Isso já é fato consumado na Amazônia, apesar de ainda não ter acontecido 100%, na prática.
Foi o que informou ontem, dia 20, representante da Polícia Federal durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), proposta pelo deputado Sinésio Campos (PT), que discutiu regulamentação, infraestrutura e segurança para o transporte de passageiros e cargas pelos rios da região amazônica.
E por que essa porta, antes mal fechada, ficará escarada?
Porque a voz da Polícia Federal nesse evento, que reuniu outros órgãos públicos estadual e federal, revelou que a base Anzol que, há muito, com dificuldade, tentava criar dificuldades para esse corredor de crimes, principalmente o tráfico de droga, sairá da tríplice fronteira oeste, no alto rio Solimões, para se instalar na porção média do rio, à altura do município de Coari .
A Polícia Federal, pelo que se pôde notar na audiência pública, fará isso mui contrariada e ciente de que abraçará o remendo para não lutar contra sua natureza de combate às ações criminosas que passeiam pelos rios amazônicos.
A instituição fará isso porque perdeu o apoio que tinha do Governo do Amazonas nessa base de fiscalização do tráfico de drogas por causa da política de contingenciamento de recursos do governo federal no estado.
Tráfico de droga no rio Solimões
Contrapartida
Asfixiada por essa situação, a Polícia Federal procurou apoio da Petrobrás que, de pronto, a atendeu, mas fez uma exigência em contrapartida, com uma informação que chamou atenção dos participantes da sessão parlamentar.
A Petrobrás exigiu a presença do efetivo da Polícia Federal em Coari, onde mantém sua base de exploração de petróleo por causa da grande quantidade de assaltos a embarcações que transportam combustíveis na região.
Assim, dessa forma, fica evidenciado que o curto cobertor, puxado para um lado, descobrirá o outro. E jamais cobrirá o país inteiro enquanto o Brasil ter uma parte separada de si mesmo .
Foto: Reprodução/Portal do Zacarias