Um sopro para o futuro na agricultura da cidade industrial de Manaus

Sede do maior centro industrial Norte/Nordeste começa voltar olhar para a agricultura ao anunciar ontem seu primeiro Plano Safra

Neuton Corrêa, do BNC AMAZONAS

Publicado em: 06/08/2021 às 07:01 | Atualizado em: 06/08/2021 às 07:12

Potência industrial Norte/Nordeste e por isso minada por um longo ataque vindos do Sul e Sudeste, Manaus, ontem (5), deu ontem um importante sopro para o futuro em outro setor: na agricultura.

Esse sopro, guardadas as devidas proporções, frente às dezenas de bilhões de renúncia fiscal dada às multinacionais estrangeiras e a marcas nacionais instaladas aqui, pode ser considerado também como a chegada do homem à Lua, na sede da Zona Franca, que tanto incomoda eles.

Sim, ontem Manaus chegou à Lua, ao lançar pela primeira vez um plano Safra.

É estranho mesmo! Manaus, que historicamente sempre voltou o olhar da Ponta Negra ao Distrito Industrial e do rio Negro à Reserva Florestal Adolfo Ducke, seu perímetro urbano, terá um plano safra que ultrapassa esses limites.

O plano, ante aos mimos que a indústria recebe, com as três esferas de poder lhe fazendo cabelo, barba e bigode, cílios e unhas, ainda é tímido.

Mas pode-se dizer que os R$ 14 milhões, composto também verbas federais e estaduais, anunciados pelo prefeito David Almeida e pelo secretário de Produção, Renato Júnior, é o começo.

E mais: passará a ser referência para os anos seguintes e obrigação de que seja aumentado.

Não se pode dizer que vai substituir a indústria local.

Contudo, é possível ver que o agronegócio pode significar um caminho para que o Amazonas reduza sua dependência da Zona Franca de Manaus, antipática aos olhares vindos da Avenida Paulista.

A ZFM, por sua vez, foi criado em 1967 para também desenvolver um polo agrícola aqui, mas se conformou com a venda de importados na década de 1980 e depois com a indústria.

O setor primário do projeto, que mais emprega, foi esquecido pelo governo federal, que por sua vez levou a reboque o olhar do município de Manaus.

Mesmo assim, por exemplo, o município tornou-se o maior produtor de ovos do Norte, mas tornou-se dependente de outros itens da agricultura de outras regiões.

Urbano e Rural

Para se ter ideia deste distanciamento do urbano e o rural, na capital do Amazonas, a agricultura sempre foi bancada e preocupação apenas do estado e da União.

O município, formalmente, nunca teve um plano agrícola. Se houve, se perdeu.

Assim sendo, o Plano Safra Manaus não traz apenas dinheiro, incentivo, mas uma discussão que precisa ser colocada no contexto dos mercados local, regional, nacional e global, já que a ZFM é extremamente sensível ao humores da economia internacional.

Mais ainda, sensível a “paulos guedes” que costumam dar plano em Brasília.

Foto: Ruan Souza/Semcom