Os presidiários do Compaj, Puraquequara, Ipat e Centro de Detenção Provisória (masculino e feminino), os mais superpopulosos de Manaus, podem esperar uma operação de guerra nas revistas programadas pelas forças de segurança.
Afinal, é o que se pode supor a partir da ação montada nesta terça, dia 31, para revistar pouco mais de 200 presos na reativada cadeia pública Vidal Pessoa, no Centro da capital. Todos detentos “independentes” ou sem liderança em facções criminosas.
Desde às 5h30 da madrugada começaram a chegar ao antigo “Casarão da 7” homens do Exército mascarados e portando armas de grosso calibre. Mal o sol abriu e lá estava helicóptero sobrevoando a cadeia. Ruas foram interditadas em um raio de 500 metros do prédio. Barracas de campanha foram montadas no pátio. Ambulâncias e viaturas com suas sirenes ligadas acordaram a vizinhança bem cedo. Policiais se esforçavam para manter repórteres afastados.
Era um cenário digno de filmes de guerra. Pelo menos 750 agentes públicos do Exército, da Força Nacional, Polícia Militar, Polícia Civil e outras forças de segurança participaram da revista em 200 presos. Mais de três para cada detento.
Segundo os militares, a operação Varredura, conforme informado pela assessoria do sistema de segurança, consumiu quatro dias de planejamento.
Nas mãos de homens treinados para esse serviço, equipamentos “de primeiro mundo”. Tudo isso para que os militares do Exército dessem a garantia de que a Vidal Pessoa será entregue “varrida e limpa”.
A primeira ação desse tipo nos presídios de Manaus com a participação de militares do Exército foi a ajuda anunciada pelo governo federal ao governador José Melo (Pros) após os massacres do início do ano.
Serviu também para o ministro da Defesa, Raul Jungmann, sair de Brasília para ver os homens em ação. E viu. Do alto, em um helicóptero, sobrevoando o presídio.
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) ficou de divulgar às 15h o resultado dessa megaoperação, mas até às 16h30 essa informação ainda não havia sido distribuída às redações.
Em qualquer ação desse tipo, com efetivo bem menor, a Polícia Militar tem encontrado dezenas de armas, celulares e porções de droga. Dessa operação não se espera menos.
Atualização às 17h30
Por email à Redação do BNC , às 17h06, a assessoria do sistema de segurança informou que a megaoperação na cadeia Vidal Pessoa encontrou 23 celulares, 41 acessórios de celular, um simulacro de arma de fogo, 42 objetos como estoque e facas, uma “tereza” (corda feita de pedaços de pano), 18 pequenas porções de droga (trouxinhas) e jogos eletrônicos (não precisa quantidade nem tipo).
Enquanto tenente-coronel do Exército, do Comando Militar da Amazônia (CMA), considera o resultado como “expressivo”, o secretário de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap), tenente-coronel PM Cleitman Coelho, afirmava que vai mandar apurar como é que esse tipo de material ainda está entrando na cadeia. E ficou de responsabilizar os culpados.
Fotos: BNC