A CPI da covid deu um prazo de dez dias para que a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Amazonas informe sobre eventual procedimento instaurado contra a Unimed Manaus por pressionar médicos conveniados a recomendar tratamento precoce aos pacientes com covid-19.
O senador Humberto Costa (PT-PE), autor do requerimento, destacou que o tratamento precoce, com uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19, foi usado largamente em Manaus.
Em meio à crise pela falta de oxigênio na rede hospitalar da cidade, no início de janeiro, o governo de Jair Bolsonaro incentivava o uso de cloroquina, azitromicina, ivermectina e hidroxicloroquina, medicamentos do chamado kit covid.
“Causa preocupação o alerta de médicos que atuam em Unidades de Terapia Intensiva em hospitais de Manaus de que a maioria dos pacientes internados por covid-19 haviam tomado algum, ou alguns, dos medicamentos que compõem o chamado tratamento precoce”, justificou o senador.
Ele lembrou que um dos eixos de investigação da CPI diz respeito à aquisição e indução ao uso desses tipos de medicamentos, isso em contraposição às medidas não-medicamentosas eficazes.
A terapêutica do tratamento precoce, diz o parlamentar, foi eleita pelo governo Bolsonaro como política pública para enfrentamento da covid-19, o que “revela inadequado investimento de recursos públicos em medida sanitária desprovida de respaldo científico.”
Leia mais
Manaus também foi vítima da cloroquina da Hapvida
Hapvida é acusada de pressionar médicos a receitarem ‘kit covid’
Planos de saúde
“Tal política pública teve reflexos e foi encampada por alguns predadores privados de serviços de saúde, dentre os quais as operadoras de planos de saúde”, criticou o senador.
Lembrou ainda que profissionais de saúde e clientes conveniados tornaram público que seguradoras como a Unimed, a Prevent Senior e a Hapvida “impunham a prescrição do chamado tratamento precoce como medida profilática ou de cuidado para a covid-19.”
“Há relatos, inclusive, de médicos que foram demitidos das operadoras de planos de saúde pela recusa à adoção do tratamento precoce como padrão de atendimento a pacientes com suspeita ou diagnóstico de covid-19”, disse.
Foto: Divulgação