Vice-governador do Amazonas vai ser chamado à CPI da covid
Carlos Almeida Filho acusou alinhamento de Bolsonaro com Governo do Amazonas para implantar imunidade de rebanho na população

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 06/05/2021 às 14:28 | Atualizado em: 06/05/2021 às 14:28
A pedido do senador Humberto Costa (PT-PE), o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (sem partido), será chamado a depor na CPI da covid (CPI da pandemia).
À Folha de S.Paulo, ele apontou que havia um alinhamento do presidente Jair Bolsonaro com o Governo do Amazonas para o combate à covid (coronavírus). Isso envolvia, conforme o vice-governador, a busca da chamada imunidade de rebanho. Ou seja, permitir a contaminação em massa para que a população adquirisse defesa imunológica após a cura.
Carlos Almeida rompeu relações com o governador Wilson Lima (PSC) há um ano, quando deixou a Casa Civil depois de ter sido, também, secretário de Saúde.
Ele, assim como o governador, foi denunciado recentemente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) por envolvimento na compra fraudulenta de respiradores em 2020.
Leia mais na coluna “Painel”, da Folha.
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Respostas do vice a entrevista
Responsabilidade do governo federal
Quando o ministro chegou para resolver o problema, ele já estava criado. Mas que problema é esse? A política de contaminação para ter imunidade de rebanho. Se dizia no Amazonas que o convívio e contaminação geraria isso. Essa era política anunciada pelo próprio governo federal. Mas nesse ponto, o que se mostra é que o tiro saiu pela culatra, ocorreu a gestão de uma cepa mais contundente. Isso é por inação do governo estadual, mas também por causa de uma política do governo federal.
Acusação de organização criminosa pela PGR
Legalmente falando, temos alguns problemas. A acusação por organização criminosa exige demonstrar a integração do agente dentro da organização, isso não foi mostrado na denúncia, não pode ser só palavras, mas por provas. A subprocuradora apontou que isso seria provado nos documentos anexos da denúncia, e o que está anexado é o relatório da Polícia Federal.
A PF, em 448 páginas, analisa minha conduta, esquadrinha minha vida, fez isso através até de busca e apreensão, e concluiu que eu não sou responsável pelos atos que foram praticados. O MPF poderia ter discordado da PF se tivesse feito uma investigação paralela e, para fazer, teria que ser autorizada para fazer. E, também, se tivesse explicado a discordância em relação à PF. A denúncia usa trechos que excluem minha responsabilidade.
Leia a entrevista na íntegra.
Foto: BNC Amazonas