Acusada de usar o TCE-AM , em 2018, quando presidia a corte, para ajudar a eleger a deputado estadual seu filho Fausto Júnior (MDB), a conselheira Yara Lins está em franca articulação para tentar furar a fila de sucessão na Casa e voltar a presidi-la novamente em ano eleitoral.
Em 2022, seu filho passará por nova eleição. Ele é pré-candidato a deputado federal.
No entanto, para voltar à presidência da Corte de Contas, Yara precisará quebrar a cadeia de sucessão do órgão.
Há muito essa sucessão ocorre numa espécie de revezamento natural entre os conselheiros, sem disputa.
Acontece que o próximo da fila seria o conselheiro Júlio Cabral, que já declinou da função, por problemas de saúde.
Agora, com isso, no TCE-AM, foi levantada a tese de que a tradição foi quebrada e se deve começar um novo ciclo com disputa aberta para os membros do tribunal.
No entanto, o próximo conselheiro da linha sucessória, após Cabral, é Júlio Pinheiro, que não abriu mão de retornar ao cargo.
Mas, Yara Lins, apostando no fim da tradição começou a se movimentar.
Articulação
Um de seus movimentos foi recorrer a dois ex-governadores, Eduardo Braga e Amazonino Mendes.
Foram eles, que passaram mais tempo no poder no Estado, que nomearam a maioria dos conselheiros do TCE-AM.
Yara quer que os dois políticos se metam na eleição e peçam voto para ela.
Nos bastidores da Corte, há informação de que ela conta com o apoio conselheiro Josué Neto.
Nesse caso, para compor uma maioria, Yara, em tese, estaria precisando só de mais dois votos.
O tribunal é composto por sete pessoas.
Tensão
A pretensão de Yara Lins, no entanto, enfrenta forte resistência no TCE-AM.
Conselheiros ouvidos pelo BNC AMAZONAS defendem o acordo tácito histórico da casa.
Nesse caso, acham que o próximo presidente deve ser Júlio Pinheiro, apesar de acharem que ele também enfrenta residência.
“Mas a resistência que há contra o conselheiro Júlio é de relacionamento, facilmente superada”, disse um integrante da Corte.
Escândalo
No caso de Yara Lins, pesam contra ela as acusações feitas pelo senador Omar Aziz na CPI da Covid, quando Fausto Júnior tentou desafiar o parlamentar.
Omar a acusou de enriquecimento ilícito e de receber propina de empresas prestadoras de serviço para o poder público.
As denúncias foram formalizadas na Procuradoria-Geral da República (PGR), na Controladoria Geral da União (CGU), no Ministério Público Federal (MPF) e na Polícia Federal (PF).
Para os conselheiros que se opõe à candidatura de Yara Lins, a conselheira já colocou a Polícia Federal dentro do TCE-AM.
Mas acham que o vexame pode ser ainda maior dependendo das investigações que estão sendo feitas pela PGR, MPF e PF.
Com isso, os conselheiros avaliam que é impossível que ela tenha êxito em sua pretenção.
Eles acham também que o fato de se candidatar à presidência do tribunal com apoio externo já é uma desmoralização para a instituição.
Foto: Divulgação/TCE-AM, em 15/12/2017