ZF no Marajó é motivo de preocupação, alerta prefeito de Manaus
Prefeito Arthur Virgílio Neto também avaliou que ZFM precisa ser modernizada

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 06/03/2020 às 22:25 | Atualizado em: 06/03/2020 às 22:25
O prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) manifestou preocupação com anúncio de Jair Bolsonaro nesta semana. O presidente disse que ia mandar seu ministro da Economía estudar a criação de uma zona franca na ilha do Marajó, Pará.
Para o prefeito da sede da ZFM, essa ideia é preocupante porque surge justamente no momento em que o modelo do Amazonas mais de condições de sobrevivência.
“Se o presidente diz que vai criar uma zona franca em algum lugar, aí passa a ser motivo de preocupação. Primeiro pela proximidade que essa região tem com o mar, que é a chave para baixar custos e levar vantagem na concorrência conosco. Sou contrário a isso”.
Ele acrescentou que a ZFM se incorporou ao patrimônio econômico do Amazonas e não deve ser reproduzida, só cabe uma no Brasil e está aqui em Manaus”.
De acordo com Arthur, é o funcionamento do polo industrial amazonense que garante a preservação de boa parte da floresta em pé. Portanto, o modelo de incentivo da ZFM é único no país
Como resultado dessa preocupação, o prefeito recomenda que se explique a Bolsonaro, de “maneira madura”, a inviabilidade de uma zona franca nos moldes da ZFM.
“E até perguntar o que ele [Bolsonaro] quis dizer com isso. Pode ter sido só conceder incentivos e nada mais. Então, não vejo motivo para precipitações, mas vejo para alerta”.
Acrescentou ainda que “a ilha de Marajó merece sim apoio, mas não em forma de zona franca”.
Concluindo o raciocínio, Arthur chama o governo à ponderação.
“Se lutamos tanto para manter uma zona franca, como vamos criar mais uma? Isso colide com a lógica”.
Modelo caduco
Enquanto manifesta preocupação com a ideia de Bolsonaro, Arthur faz autocrítica da ZFM.
“A preocupação maior em relação a nossa Zona Franca de Manaus é conscientizar o presidente de que nosso polo está caduco. Alguns polos estão fazendo um bom papel para sustentar a economia, mas outros não creio mais”.
Como resultado de sua análise, Arthur aponta que é hora de apostar na modernização do modelo. E isso envolve série de medidas, sugere.
Primeiramente, fazer profundas reformas.
“Precisamos de portos, da BR-319, para quebrar o isolamento, para deixar um polo mais competitivo. Hoje não basta só o incentivo”.
Foto: BNC Amazonas