A mudança do modelo da Zona Franca de Manaus para uma nova economia verde assentada na biotecnologia chegou a ser debatida pelo Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, que envolve os nove governadores da região, na elaboração do Plano de Recuperação Verde (PRV).
“A gente deixou esse debate para um segundo momento, porque muitos defendem, fora da Amazônia, o fim da Zona Franca de Manaus”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), durante a webinar promovida pelo Fundação Getúlio Vargas, nesta segunda-feira (21) à noite.
O governador, que preside o consórcio, expôs os quatro eixos do programa: combate ao desmatamento ilegal; desenvolvimento produtivo sustentável; tecnologia verde e capacitação; e infraestrutura verde. A ideia é gerar emprego e renda para os quase 30 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia.
De acordo com o governador, a decisão sobre a Zona Franca foi estritamente política no sentido de valorizar o que mais une e causa menos controvérsias. “Então, nós tiramos do plano qualquer alusão a esse debate sobre Zona Franca”, explicou.
Flávio Dino diz que o clima conflagrado no país, com tudo virando “confusão”, contribuiu para deixar o debate para um segundo momento.
“Então essa foi a razão, mas nós não negamos a importância do debate, pelo contrário. Debate que eu acompanhei inclusive como deputado, mas nesse instante como está tudo conflagrado a gente buscou mais a zona de conforto”, afirmou.
Apoio ao modelo
O presidente do Consórcio Amazônia disse que a Zona Franca de Manaus é uma realidade e tem o apoio de todos os governadores da região.
Ele reconheceu as críticas ao modelo, mas disse que não há como retroceder. Defendeu que o desenvolvimento seja feito a partir do que já existe no Amazonas.
Disse que não faz sentido também replicar o modelo de desenvolvimento em todos os estados da região. “Não é o que desejamos”, ressaltou.
Para o governador, o Polo Industrial de Manaus tem mais de 50 anos gerando milhares de emprego e contribuiu para preservar grande parte da cobertura vegetal original do Amazonas.
“Eu creio que a Zona Franca vai continuar pelas próximas décadas e como um elemento da política de desenvolvimento. Não tem como extirpá-lo. Seria um erro. E também não tem como multiplicá-lo, já não corresponde as necessidades do tempo presente”, defendeu.
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