Delegado diz que Bolsonaro ‘pegou polícias para projeto político’
Orlando Zaccone afirma ter visto de perto a conversão das polícias, tanto civil, quanto militar, por Jair Bolsonaro

Mariane Veiga
Publicado em: 29/05/2022 às 10:49 | Atualizado em: 29/05/2022 às 11:03
Delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro há mais de 20 anos, Orlando Zaccone afirma ter visto de perto a cooptação das polícias, tanto civil, quanto militar, por Jair Bolsonaro (PL) para o que considera “a construção de um projeto político”.
Candidato à Câmara pelo PDT, o delegado aponta, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, que a movimentação do presidente vai desde indicações em áreas de segurança pública no estado, para ter controle sobre as polícias e investigações, até a mera parabenização de operações violentas para legitimá-las e mostrar apoio à base da categoria.
No fim de 2017, em meio à ascensão do bolsonarismo, Zaccone buscou seus pares pelo Brasil e, com outros delegados, criou a Associação dos Policiais Antifascistas.
Desde então, o delegado, que já era considerado “diferente” por alguns de seus colegas, por respeitar e defender os direitos humanos na segurança pública, já ouviu de colegas e superiores que é “a vergonha da Polícia Civil do Rio” e “comunista”.
De acordo com Zaccone, o objetivo da associação é mostrar que não são todos os policiais que estão com Bolsonaro, porque é isso que ele tenta passar para dar mais força ainda ao seu projeto político.
“Nós temos, associados, 1.500 policiais civis, federais, militares, guardas municipais, agentes penitenciários e bombeiros que estão comprometidos com a derrota de Bolsonaro nas eleições e na criação de um modelo democrático de segurança pública”.
Para o delegado, Bolsonaro pegou as polícias para um projeto político porque a presença do bolsonarismo nessa área tem dois vieses. Uma é pela base, que é parecida com a forma como o movimento cresceu em grande parte da população, com discursos violentos, preconceituosos e a favor de uma parte dos trabalhadores.
E há também as interferências na cúpula das polícias, a federalização da segurança pública do estado. Segundo ele, existe uma adesão desses militares por cooptação, motivada por indicações que irão manter o tal “projeto de poder”.
“Eu, particularmente, acho essa segunda forma de apoio muito mais perigosa”, lamenta a autoridade policial.
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Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República