Ida de ministro à CPI da covid é troco por ameaça a governadores
Torres tenta jogar a Polícia Federal contra os governadores. E por isso vai dar explicações aos senadores, a pedido do vice da CPI da covid

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 03/05/2021 às 19:22 | Atualizado em: 03/05/2021 às 19:22
Senadores veem chamada do ministro da Justiça, Anderson Torres, à CPI da covid como um troco ao governo de Jair Bolsonaro. O autor da sugestão foi o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Torres, portanto, deverá se explicar sobre a declaração de uso da Polícia Federal contra governadores.
O ministro da Justiça, a mando do chefe, abriu campanha contra os governadores pelas falhas no uso de recursos.
Em seguida, tentou ter acesso a tudo que a Polícia Federal investigou sobre as denúncias contra governadores na epidemia do coronavírus.
Como desconfiam que o que Torres quer é dar munição aos apoiadores de Bolsonaro na CPI, delegados não devem atender o ministro. Só se houver ordem da Justiça.
Já está avisado
Em resposta, o autor do requerimento da presença do ministro já avisou sobre um dos temas que será questionado.
Rodrigues estava se referindo à operação Grabato, do Ministério Público do Distrito Federal. Torres era secretário de Segurança Pública do governo de Brasília quando houve investigações sobre irregularidades em contratos, sem licitação.
O senador vice-presidente, portanto, disse ao ministro:
“Como secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, quais foram as providências tomadas pelo senhor, uma vez que afirma que ‘as pessoas têm de tomar conhecimento disso também’?”.
Torres havia afirmado que “a gente tem de ter muito cuidado com os rumos que essa CPI vai tomar”. E que “é bom ressaltar que a maioria das ações de combate à pandemia foi executada com recursos federais”.
E arrematou:
“Pergunto: a investigação vai se limitar ao governo federal? É preciso seguir o dinheiro”, disse. O ministro portanto, se referia a governadores, de quem afirma que “o problema é que isso não está sendo falado”.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República