Parintins comemora aniversário em 15 de outubro. Para quem gosta de horóscopo, é uma cidade libriana com ascendente em pavulagem.
Pavulagem é um termo regional para aquele que é pávulo, que gosta de se exibir. É uma corruptela do verbo pavonear, ação do pavão macho que abre suas lindas penas para seduzir a fêmea.
Na espera dos visitantes, Parintins, a libriana, se empavula e seu coração está dividido entre dois. Os moradores da cidade enfeitam as ruas com bandeirolas azuis e vermelhas, pintam os muros das casas, o chão das ruas, colocam em volume máximo suas toadas.
Seja no espaço público das ruas, seja no espaço privado das casas e comércios, existem murais e painéis que exibem os diferentes estilos dos vários artistas que colorem Parintins, com suas obras realistas, a sua maior singularidade.
A grande arena é uma atração por si. Mas ainda exibe painéis no muro da entrada feitos com pinturas e esculturas.
Algumas permitem a interação do público, como as esculturas dos bois Caprichoso e Garantido. Além do mural dos bois em todo o prédio do liceu de Artes Cláudio Santoro.
Esse ano, tem grande destaque o mural em grafite do artista Pito Silva, intitulado “Brasil futuro ancestral”. Ele está no prédio da entrada de cena da arena do bumbódromo, na avenida Paraíba. O artista se projetou a partir da cena cultural hip hop na cidade como b-boy.
O mural retrata três indígenas do povo Sateré Mawé. São uma menina com uma arara canindé, com penas azuis e um menino com uma arara vermelha. No muro central, há um ancião indígena com um cocar nas duas cores. O desenho foi feito em uma perspectiva que dá impressão de que as arquibancadas são a continuidade das penas de seu cocar.
O mural faz parte do projeto Galeria Cidade Aberta, uma iniciativa entre o governo do estado e a coca cola que conta com mais 21 murais espalhados pela cidade.
O projeto reifica uma tradição da cidade. Os murais que exibem a alta qualidade de seus artistas fazem parte da pavulagem municipal. Os parintinenses gostam de se exibir e serem exibidos pelos visitantes que tiram fotos em seus muros.
Há algumas décadas, o próprio traslado das alegorias dos galpões para o bumbódromo era um evento de apreciação da arte parintinense. Os moradores dos trajetos observavam sentados em frente as suas casas, botos, iaras e anhangás passarem em frente ao bumbódromo, reconhecendo entre os traços os seus artistas mais famosos.
Como por exemplo, a sempre aguardada Cobra Grande, do mestre de alegorias Jair Mendes.
Atualmente, a grandiosidade das alegorias não permite mais seu desfile pelas ruas. São montadas e finalizadas na dispersão. Ainda assim, seguem sendo atrativo artístico para moradores e visitantes.
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Fonte: Site da Secretaria do Estado de Cultura do Amazonas
Foto: Divulgação
