Ações do governo detonam R$ 1,1 bilhĂ£o do garimpo ilegal
Essas ações demonstram uma retomada das fiscalizações ambientais em 2023, apĂ³s um perĂodo de desestĂmulo.

Publicado em: 29/09/2023 Ă s 12:29 | Atualizado em: 29/09/2023 Ă s 12:29
Em 2023, as maiores operações de combate ao garimpo ilegal no Brasil resultaram na apreensĂ£o e destruiĂ§Ă£o de cerca de R$ 1,1 bilhĂ£o em bens e maquinĂ¡rios, conforme dados fornecidos pelo Ibama.
Esses nĂºmeros incluem mais de R$ 1 bilhĂ£o em equipamentos confiscados e aproximadamente R$ 82 milhões em peças destruĂdas.
A lista de bens apreendidos abrange tratores, escavadeiras, balsas, dragas, aviões, helicĂ³pteros, alĂ©m de motores, barcos e veĂculos.
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As operações revelam que o garimpo ilegal nĂ£o Ă© apenas uma atividade artesanal, mas envolve uma infraestrutura industrial significativa, contradizendo a noĂ§Ă£o anterior. Especialistas apontam que o alto investimento nessas estruturas nĂ£o provĂ©m dos garimpeiros locais, mas sim de empresĂ¡rios que financiam essas operações.
Essas ações tambĂ©m mostram a retomada das fiscalizações ambientais em 2023, apĂ³s um perĂodo de desestĂmulo durante o governo anterior.
O nĂºmero de equipamentos destruĂdos triplicou em comparaĂ§Ă£o aos anos anteriores, indicando uma abordagem mais eficaz na reduĂ§Ă£o do garimpo ilegal.
No entanto, a reestruturaĂ§Ă£o do Estado na regiĂ£o amazĂ´nica continua sendo um desafio devido aos recursos limitados disponĂveis para combater uma indĂºstria bilionĂ¡ria.
Quem financia o garimpo ilegal?
Uma questĂ£o que emerge a partir desses nĂºmeros Ă©: quem financia o garimpo ilegal? Contrariando a noĂ§Ă£o de que o garimpo Ă© uma atividade artesanal de exploraĂ§Ă£o mineral, os dados revelam uma realidade diferente. O diretor de ProteĂ§Ă£o Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, aponta que existe uma infraestrutura considerĂ¡vel que envolve frotas de equipamentos de transporte aĂ©reo e fluvial, motores hidrĂ¡ulicos, geradores de energia e mais.
Pedro Walfir, coordenador de pesquisas em mineraĂ§Ă£o do MapBiomas, questiona quem estaria disposto a investir milhões em uma atividade de alto risco que, mesmo quando descoberta e destruĂda, retorna Ă ativa no ano seguinte. Isso levanta indagações sobre a origem desses investimentos significativos, que parecem vir de empresĂ¡rios dispostos a aportar recursos nessa operaĂ§Ă£o.
Retomada do combate ao garimpo
O ano de 2023 tambĂ©m testemunhou uma retomada das fiscalizações ambientais, indicando uma mudança de postura em relaĂ§Ă£o aos anos anteriores. A partir dos nĂºmeros do Ibama, Ă© possĂvel observar um aumento substancial no nĂºmero de equipamentos destruĂdos apĂ³s uma fase de relativa inatividade durante o governo Bolsonaro.
Embora a medida de destruiĂ§Ă£o de equipamentos seja legal, ela foi desestimulada no governo anterior e questionada por leis estaduais. No entanto, decisões do STF reforçam a legalidade dessa aĂ§Ă£o.
TransformaĂ§Ă£o
Historicamente, o garimpo era considerado uma atividade artesanal e de pequena escala no Brasil. No entanto, mudanças na legislaĂ§Ă£o facilitaram a extraĂ§Ă£o mineral por meio desse sistema. O afrouxamento das regulamentações possibilitou investimentos significativos na exploraĂ§Ă£o mineral.
Para operar uma balsa de garimpo, por exemplo, o investimento inicial em mĂ¡quinas, equipamentos e infraestrutura chega a R$ 3,3 milhões.
A abertura de um garimpo de ouro em terra firme requer um investimento estimado de R$ 1,3 milhĂ£o. Isso resultou em uma rĂ¡pida expansĂ£o da Ă¡rea de garimpo, que dobrou de tamanho entre 2012 e 2022, ultrapassando a mineraĂ§Ă£o industrial em algumas regiões.
Desafios
Enfrentar o garimpo ilegal na AmazĂ´nia representa um desafio monumental. Os recursos disponĂveis para fiscalizaĂ§Ă£o sĂ£o limitados em comparaĂ§Ă£o com uma indĂºstria que movimenta bilhões de reais.
Apesar do aumento nas operações de fiscalizaĂ§Ă£o, a reestruturaĂ§Ă£o do Estado na AmazĂ´nia serĂ¡ um processo lento, jĂ¡ que os recursos de fiscalizaĂ§Ă£o sĂ£o limitados diante de uma indĂºstria bilionĂ¡ria que persiste. Essa luta estĂ¡ longe de terminar, e a preservaĂ§Ă£o ambiental continua sendo uma prioridade urgente.
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Foto: VinĂcius Mendonça/Ibama