Aglomeração e coveiros sem EPI nos enterros em Manaus são notícia nacional

Manaus é o epicentro da epidemia do novo coronavírus no estado do Amazonas

Susam refuta informações da mídia nacional e descarta segunda onda

Mariane Veiga

Publicado em: 16/04/2020 às 12:53 | Atualizado em: 16/04/2020 às 14:18

O cenário no cemitério municipal Nossa Senhora Aparecida, maior de Manaus, mostra coveiros carregando caixões de morto em razão do novo coronavírus (covid-19) sem nenhum tipo de proteção.

A cidade é o epicentro da epidemia do vírus no Amazonas, estado com maior taxa de incidência.

São 303 casos a cada 1 milhão de habitantes, quase duas vezes a média nacional de 111/1 milhão.

De acordo com a publicação, são ao menos o dobro de enterros por dia.

A reportagem destaca agentes funerário da rede privada, vestido de bota, macacão com capuz, luva e óculos, enquanto outros coveiros do cemitério aparecem com pouca proteção.

Conforme a Folha, em apenas um dos enterros por coronavírus, os coveiros usavam trajes de proteção que cobriam todo o corpo.

O cemitério, no bairro Tarumã, é administrado pelo município, comandado pelo prefeito Arthur Neto (PSDB).

Arthur tem criticado duramente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por defender o fim do isolamento social no país.

Na terça-feira, dia 14, o prefeito assinou um decreto recomendando o uso de máscara em lugares públicos.

Dessa forma, sete corpos chegaram para ser enterrados quase ao mesmo tempo em um setor recém-aberto do cemitério.

Desses, três vieram do Serviço Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias após morrerem com suspeita de covid-19.

Os corpos foram colocados sobre duas pequenas estruturas metálicas e ficaram ao lado de mortos por outras causas, “gerando uma pequena aglomeração de familiares”.

No entanto, o arranjo contraria a orientação do Ministério da Saúde sobre enterro de mortos por covid-19.

“A cerimônia de sepultamento não deve contar com aglomerado de pessoas, respeitando a distância mínima de, pelo menos, dois metros entre elas”, orienta o texto.

Sob a condição do anonimato, funcionários do cemitério disseram que há pelo menos 50 enterros diários desde o último domingo (12).

De acordo com o site da prefeitura de Manaus, o cemitério registrou uma média de 20 enterros diários durante 2019.

A Folha diz que solicitou à prefeitura números e enviou perguntas sobre os procedimentos para os sepultamentos, mas não houve resposta.

Leia na reportagem de Fabiano Maisonnave, na Folha de S.Paulo.

 

Foto: Divulgação