O estudo do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA, publicado pela Folha de S.Paulo , revela que a inflação dos alimentos tem sido um dos principais obstáculos para a recuperação do poder de compra dos brasileiros. Apesar do crescimento da renda média e da melhora no mercado de trabalho, o encarecimento da cesta básica impede que os consumidores sintam essa evolução no dia a dia.
O levantamento cruzou o custo da cesta básica com a evolução do salário mínimo e mostrou que, antes da pandemia, um salário mínimo comprava, em média, 2,07 cestas básicas em São Paulo.
No entanto, após o início da crise sanitária e o impacto da Guerra na Ucrânia, essa relação caiu para 1,51 em 2022, no governo de Jair Bolsonaro.
Embora tenha havido uma recuperação parcial nos anos seguintes, o estudo indica que o poder de compra ainda não retornou ao patamar pré-pandemia.
Atualmente, um salário mínimo consegue comprar cerca de 1,7 cesta básica, um número abaixo dos níveis de 2010 a 2019.
As projeções para os próximos anos não apontam grandes mudanças: estima-se que essa relação se mantenha próxima desse valor até 2026, o que demonstra uma estagnação no poder de compra da população.
Além da inflação alimentar, fatores como a desvalorização do real e os impactos climáticos na produção agrícola contribuem para manter os preços elevados.
Diante desse cenário, o governo Lula enfrenta dificuldades para adotar medidas eficazes que reduzam os custos da alimentação.
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O presidente já descartou iniciativas intervencionistas, como a taxação das exportações do agronegócio, mas ainda busca alternativas para conter a alta dos preços.
Especialistas sugerem que um maior compromisso com o equilíbrio fiscal e investimentos em políticas de mitigação climática poderiam amenizar o impacto da inflação sobre os alimentos.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil