Na edição desta quarta-feira (20), o jornal norte-americano Washington Post, um dos mais importantes do mundo, diz que as autoridades brasileiras fecham os olhos para o desmatamento na Amazônia.
A publicação, que replicou despacho da Associated Press, citou um estudo do Instituto Igarapé, que analisou 302 operações da Polícia Federal (PF) na região entre 2016 e 2021.
De acordo com o levantamento, apenas 2% tiveram como alvo pessoas que se apropriam ilegalmente de terras públicas não designadas.
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“Criminosos ambientais na Amazônia brasileira destruíram florestas públicas do tamanho de El Salvador nos últimos seis anos, mas a Polícia Federal, a versão brasileira do FBI, realizou apenas sete operações destinadas a essa perda maciça, de acordo com um novo estudo”, destacou o jornal.
O Post acusa que a destruição ocorreu em florestas estaduais e federais que não estão designadas como parques nacionais e territórios indígenas.
“De acordo com dados oficiais, a floresta amazônica brasileira tem cerca de 580.000 quilômetros quadrados (224.000 milhas quadradas) de florestas nesta categoria, ou uma área quase do tamanho da Ucrânia”, diz a reportagem.
São áreas onde estão ocorrendo desmatamento crescente. Em 2016, o estudo diz que elas representavam 31% de toda a floresta derrubada ilegalmente. No ano passado, chegaram a 36%.
O jornal citou estudo da rede Observatório do Clima segundo o qual quase a metade da poluição climática do Brasil vem do desmatamento.
“A destruição é tão grande que a Amazônia oriental deixou de ser um sumidouro ou absorvedor de carbono para a Terra e se converteu em uma fonte de carbono, de acordo com um estudo publicado em 2021 na revista Nature”, diz.
De acordo com o estudo, são quatro as atividades ilícitas que prejudicam a região: roubo de terras públicas; extração ilegal de madeira; mineração ilegal; e desmatamento ligado à agricultura e pecuária.
Bolsonaro
O jornal norte-americano responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo desmatamento desenfreado na região.
Desde o retorno do Brasil ao regime democrático em 1985, diz o jornal, após duas décadas de regime militar, a maioria dos sucessivos governos fez movimentos para estender a proteção legal, e hoje cerca de 47% da Amazônia está dentro de áreas protegidas.
“O presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, no entanto, disse repetidamente que o país tem muitas áreas protegidas e paralisou essa política de décadas”, acusou.
Foto: reprodução