O apagão de dados sobre a pandemia tornou-se outro inimigo que têm afetados os brasileiros neste início de ano. Além disso, há a recente corrida às farmácias, laboratórios e unidades de saúde e os sintomas respiratórios.
Desde que um ataque hacker atingiu os sistemas do Ministério da Saúde, em 10 de dezembro, não há números precisos que atestem o real cenário da Covid-19, agora agravado pela alta nos casos da variante Ômicron e sua sobreposição à epidemia de influenza .
Embora seja perceptível o aumento na procura por testes e atendimento de sintomas gripais, a notificação de casos ainda encontra gargalos como a demora nos registros pelas secretarias de saúde e as falha na plataforma e-SUS, ainda afetada pela invasão hacker.
O Ministério da Saúde confirmou 170 casos da Ômicron até ontem e investiga outros 518, mas a avaliação de especialistas e gestores é de que o número está longe de refletir a realidade.
“Sem informação em tempo real e sem histórico fornecido pelo sistema de dados, temos dificuldades em planejamento, em enxergar realidade, em visualizar o que está acontecendo nas diversas regiões do país. Secretários, prefeitos e técnicos municipais reclamam da falta de acesso aos dados de municípios, ao cartão de vacinação… Isso traz muitos prejuízos, principalmente na avaliação do andamento da pandemia no país”, analisa o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire.
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Testes rápidos
Com baixa testagem em massa da população e sequenciamento genômico do vírus, as dificuldades se sobrepõem aos estados e municípios.
Segundo o Ministério da Saúde, 25 milhões de testes rápidos de antígeno foram distribuídos para estados e Distrito Federal e de setembro a dezembro de 2021. Além deles, houve 6,5 milhões de exames enviados a partir de solicitações extras.
Para que a dimensão da Ômicron no país fosse conhecia, deveria haver um número de sequenciamentos genéticos do vírus compatível com a população.
Uma das ferramentas para monitorar a pandemia é por meio do boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As atualizações, porém, estão suspensas há mais de um mês por falta de dados.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil