Assessoras eram orientadas a pagar gastos de Michelle com dinheiro vivo
Diálogos levantam preocupações sobre possíveis irregularidades e abrem investigações.

Publicado em: 13/05/2023 às 11:09 | Atualizado em: 13/05/2023 às 11:13
Diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, e assessoras do governo Jair Bolsonaro revelaram a existência de uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A informação é do portal brasil 247.
Essas conversas foram interceptadas pela Polícia Federal (PF), que quebrou o sigilo das comunicações de Mauro Cid, preso em 3 de maio por suspeitas de fraudar certificados de vacinação contra a Covid-19.
Segundo informações divulgadas pela coluna de Aguirre Talento no portal UOL, neste sábado (13/5), duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, demonstraram preocupação com possíveis irregularidades nos pagamentos das despesas de Michelle.
Mauro Cid foi preso no início de maio de 2023 como parte das investigações do Vacinagate, que apura a falsificação de cartões de vacinação.
Também há suspeitas de irregularidades envolvendo seu irmão, Daniel Cid, que adquiriu uma mansão nos Estados Unidos no valor de R$ 8 milhões e teve negócios em paraísos fiscais.
No áudio enviado por Cintia Borba Nogueira a Giselle Carneiro em 30 de outubro de 2020, ela expressa preocupação em relação aos pagamentos: “Giselle, bom dia! O coronel nos passou essa informação, mas acredito que não seja possível fazer esse pagamento pelo banco digital. E não podemos fazer transferências. Então, veja o que podemos fazer. Se entregamos o dinheiro para vocês ou se você tem outra conta, como Banco do Brasil, onde possamos realizar o depósito. Tudo bem, Giselle? Tenha um bom dia, obrigada.”
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Giselle conversou com Mauro Cid e relatou: “Coronel, bom dia. Ontem eu falei com a senhora Adriana para saber se ela tinha falado com a dona Michelle. Ela disse que sim. Explicou, mencionou todos os problemas e preocupações, né… Mas, enfim, a conclusão foi que a dona Michelle ficou pensativa. Segundo a dona Adriana, ela ficou pensativa, mas vai continuar com o cartão. E ela falou que tem os comprovantes, né? Que esse cartão já existia antes mesmo do presidente ser eleito. Mas, de qualquer maneira, a dona Adriana disse que ela ficou pensativa. Ontem mesmo fizemos uma compra, mas foi com outro cartão. Estou percebendo que o cartão da Caixa não está sendo muito utilizado. Por enquanto, é isso. Obrigada, tchau.”
O coronel afirmou que a situação dos gastos da primeira-dama poderia ser alvo de investigações: “Giselle, mas isso ainda não é o ideal, entendeu? O Cordeiro também conversou com ela, tá, sobre isso. E ela ficou com dúvidas mesmo: ‘é isso? É a mesma coisa que o Flávio. O problema não é quando! É quando era deputado, a história da rachadinha, essas coisas'”, disse Mauro Cid em um áudio enviado a Giselle em 25 de novembro.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil