O posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao dizer que o jornalista britânico Dom Phillips era “malvisto” por fazer “muita matéria contra garimpeiro” desencadeou uma série de críticas de entidades, políticos e pessoas ligadas ao caso.
Após confissão, a Polícia Federal do Amazonas levou hoje (15) ao local das buscas um dos envolvidos no desaparecimento dele e do indigenista Bruno Pereira, onde foram encontrados restos humanos .
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o pesquisador Aiala Couto diz que o posicionamento de Bolsonaro incentiva ainda mais a violência relacionada ao garimpo, ao desmatamento e à exploração ilegal de madeira na Amazônia.
“É um ato covarde de um presidente, que fundamenta o avanço da violência contra ambientalistas, lideranças indígenas e também contra jornalistas que denunciam os problemas na Amazônia”.
Ele lembrou que o governo Bolsonaro tem histórico de incentivo ao garimpo. “Qualquer ação contrária a essa atividade, ele [Jair Bolsonaro] vai apresentar como inimigo. Existe uma série de correspondentes estrangeiros que fazem reportagens com denúncias de desmatamento e de violência contra os povos indígenas. O Dom era um desses jornalistas”, complementou.
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Demora
Segundo levantamento do UOL , a Defensoria Pública da União enviou hoje ao Supremo Tribunal Federal um documento em que detalha reunião com órgãos do governo federal sobre o desaparecimento de Bruno e Dom.
No encontro, realizado na sexta-feira (10), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil questionou a demora para o início das buscas.
A Funai respondeu que prestou apoio para tentar localizar os desaparecidos desde que tomaram conhecimento da notícia na segunda-feira (6), um dia após a divulgação sobre o desaparecimento, e que, na terça-feira (7), aumentou o efetivo envolvido nas buscas.
Segundo a peça, de quatro páginas, o órgão de defesa pediu a participação de indígenas da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari nas equipes de busca e sugeriu ao Ministério das Relações Exteriores coordenar com o governo do Peru as buscas na fronteira.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República questionou se os desaparecidos chegaram a entrar em área indígena e se eles fizeram contato com a Funai previamente.
Já o órgão diz que não havia notícia de que eles tivessem ingressado em território indígena.
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Foto: Getty Images