Biden diz que será duro com Brasil na questão ambiental e irrita Bolsonaro
Joe Biden tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os EUA deveriam assumir no tema

Diamantino Junior
Publicado em: 01/10/2020 às 08:07 | Atualizado em: 01/10/2020 às 08:07
Na noite desta terça-feira, quando enfrentava o republicano Donald Trump no primeiro debate entre candidatos à Presidência dos EUA, o democrata Joe Biden tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os EUA deveriam assumir no tema.
“A Floresta Amazônica no Brasil está sendo destruída, arrancada. Mais gás carbônico é absorvido ali do que todo carbono emitido pelos EUA. Eu tentarei ter a certeza de fazer com que os países ao redor do mundo levantem US$ 20 bilhões e digam (ao Brasil): “Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de devastar a floresta. Se você não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas” , afirmou o candidato democrata, sem entrar em detalhes sobre que consequências seriam essas.
Reação de Bolsonaro
A declaração gerou uma resposta imediata e revoltada do presidente Jair Bolsonaro, que classificou o comentário como “lamentável”, “desastroso e gratuito” e fez uma série de postagens críticas a Biden no Twitter.
O brasileiro também usou a cúpula da ONU sobre biodiversidade para rebater o americano e falou em “cobiça internacional” pela Amazônia.
Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ironizou a proposta e questionou se o valor da ajuda seria anual.
Leia mais
Senado aprova instalação da Frente Parlamentar da Amazônia Legal
Amazônia é uma bandeira de Biden
A citação ao Brasil foi uma exceção em um debate na qual a política externa dos EUA não esteve em discussão, salvo pelos habituais ataques de Trump à China para defender sua gestão da pandemia da Covid-19.
A preocupação de Biden com a Amazônia e a ideia de levantar os US$ 20 bilhões haviam surgido já no ano passado, nos primeiros momentos da disputa pela indicação do candidato do Partido Democrata.
Na época, o ex-vice-presidente defendeu medidas em escala global para conter a destruição da floresta.
Em março de 2020, quando já aparecia como o virtual favorito para a indicação, sinalizava que poderia adotar medidas mais duras contra o governo brasileiro caso nenhuma ação mais concreta fosse tomada.
“Os incêndios que devastaram a Amazônia no último verão provocaram ação global para interromper a destruição e apoiar o reflorestamento antes que seja muito tarde. O presidente Bolsonaro deveria saber que, se o Brasil fracassar na tarefa de ser um guardião responsável da Floresta Amazônica, meu governo vai buscar apoio ao redor do mundo para garantir que o meio ambiente seja protegido”, afirmou, em entrevista à revista Americas Quarterly, publicada no dia quatro de março.
Onze dias depois, no debate com o então seu adversário na disputa democrata, o senador Bernie Sanders, fez declarações parecidas com as desta terça:
“Por fim, eu estaria agora organizando o hemisfério e o mundo para fornecer US$ 20 bilhões à Amazônia, para que o Brasil não queime mais a Amazônia, para que tenhamos florestas”, disse à época.
Ela (Amazônia) absorve mais gás carbônico, e a região está queimando agora, do que nós emitimos em um ano.
Leia mais no O Globo
Foto: Patrick Semansky/AP