Blogueiro pediu intervenção militar contra protestos antifacistas
Allan dos Santos afirmou a um assessor do presidente Jair Bolsonaro que as Forças Armadas ‘precisam entrar urgentemente’

Diamantino Junior
Publicado em: 19/09/2020 às 16:10 | Atualizado em: 19/09/2020 às 14:38
O blogueiro Allan dos Santos afirmou a um assessor do presidente Jair Bolsonaro que as Forças Armadas ‘precisam entrar urgentemente’.
A declaração teria sido enviada por WhatsApp um dia depois de grupos ‘antifascistas’ protestarem contra o governo, no final de maio.
A mensagem foi obtida pela Polícia Federal e utilizada para confrontar o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid.
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O militar é chefe da Ajudância de Ordem da Presidência e assessor do presidente Jair Bolsonaro.
A investigação faz parte do inquérito que apura a organização e financiamento de atos antidemocráticos.
Em depoimento prestado na sexta (11) e obtido pelo Estadão, Mauro Cid declarou à PF não se recordava de ‘ter estabelecido’ conversas com Allan dos Santos sobre a ‘necessidade de intervenção das Forças Armadas’ e negou apoiar a ideia.
Militar nega conversa
O militar disse ainda que não conheceu Allan dos Santos pessoalmente, e que o blogueiro teria entrado em contato com ele por WhatsApp, solicitando a participação de Bolsonaro em seu canal e também bastidores do governo. Bolsonaro não teria atendido às solicitações, segundo Mauro Cid. As conversas com o blogueiro também ‘não eram frequentes’, alegou.
A PF então confrontou o tenente-coronel com mensagem enviada por Allan dos Santos no dia 31 de maio – no mesmo dia, grupos considerados ‘antifascistas’ realizavam protestos contra o governo enquanto manifestantes em Brasília marcharam pela capital com faixas defendendo a intervenção militar.
Segundo os investigadores, Allan dos Santos enviou um link de reportagem ao tenente-coronel Mauro Cid sobre grupos denominados ‘antifas’.
No dia seguinte, 1º de junho, o militar respondeu: ‘Grupos guerrilheiros/terroristas. Estamos voltando para 68, mas agora com apoio da mídia’.
Allan dos Santos replicou: ‘As FFAA (Forças Armadas) precisam ENTRAR URGENTEMENTE’, ao que o tenente-coronel respondeu com um ‘Opa!’.
Questionado sobre a declaração, Mauro Cid disse que o seu ‘Opa!’ era ‘apenas uma saudação, como, por exemplo, Bom dia!’.
Essa não foi a única mensagem que o tenente-coronel foi confrontado.
Em outro diálogo, datado do dia 20 de abril, a PF indica que Allan dos Santos teria sugerido ‘a necessidade de uma intervenção militar’.
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