Bolsa sofre queda acima de 10% e amplia desconfiança em Paulo Guedes
PIB em queda, economia não decola, dólar meteoro, desemprego galopante, e a bolsa quebrando colocam a equipe econômica na berlinda nesse começo de ano

Neuto Segundo
Publicado em: 09/03/2020 às 12:25 | Atualizado em: 09/03/2020 às 12:30
As constantes quedas na Bolsa, como a ocorrida na manhã desta segunda-feira, 9, dólar nas alturas, PIB muito baixo e economia patinando têm causado insatisfação no presidente Jair Bolsonaro com a equipe do ministro Paulo Guedes.
O jornal Folha de S. Paulo publicou no dia 21 de fevereiro que “Guedes tem sido pressionado, desde o início deste ano, a mostrar seus feitos na economia”.
Ainda de acordo com o jornal, que cita assessores do presidente como fonte, “em conversas reservadas, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com um crescimento fraco e os indicadores econômicos neste ano”.
Em público o presidente da República nega a crise e diz confiar na equipe econômica e no ministro Paulo Guedes.
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Para colocar mais pressão na situação de Paulo Guedes, os negócios na B3, a Bolsa de Valores brasileira, foram retomados no final da manhã de hoje depois de terem sido suspensos por pouco mais de meia hora, durante a adoção do circuit breaker.
O mecanismo foi acionado quando o Ibovespa caiu 10,02%, chegando aos 88.178,33 pontos.
Os preços das ações estão sendo afetados fortemente pela queda no preço do petróleo no mercado internacional – a maior em um único dia desde a Guerra do Golfo, em 1991.
A queda acima de 10% no índice em relação ao fechamento de sexta-feira ativou o circuit breaker, mecanismo utilizado pela B3 que permite, na ocorrência de movimentos bruscos de mercado, o amortecimento das ordens de compra e de venda.
Na hora em que a Bolsa entrou no circuit breaker, Petrobras ON cedia 24,61% e Petrobras PN, 23,96%.
A mineradora Vale recuava 10,78%.
A suspensão dos negócios, no entanto, não redeziu as perdas de imediato. Às 11h14, o Ibovespa caía 10,23%, aos 87.968,68 pontos.
Mais tarde, o recuo era de 8,92%, aos 89.259,77 pontos.
No mesmo horário as ações ON da Petrobras perdiam 22,69% e as PN, 24%.
Reabertos os negócios, caso a variação do Ibovespa atinja uma oscilação negativa de 15% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios são interrompidos por uma hora.
O mecanismo não é ativado na última meia hora do pregão.
Ocorrendo a interrupção dos negócios na penúltima meia hora de negociação, na reabertura das transações, o horário será prorrogado em, no máximo, mais 30 minutos, sem qualquer outra interrupção, de tal forma que se garanta um período final de negociação de 30 minutos corridos.
Esta é a 18ª vez que o mecanismo é acionado desde sua adoção em 1997. A última ocasião foi em 18 de maio de 2017, por causa da Delação da JBS.
Novo recorde do dólar
O dólar começou a semana batendo mais um recorde nominal – descontando a inflação – desde o Plano Real, atingindo a casa de R$ 4,79, na manhã desta segunda.
De acordo com levantamento do Estadão/Broadcast, a moeda americana chegou a ser negociada por mais de R$ 5 nas casas de câmbio.
Para tentar conter a disparada do dólar, o Banco Central vendeu US$ 3 bilhões à vista das reservas internacionais.
No início da manhã, o BC cancelou o leilão de US$ 1 bilhão que faria e aumentou o valor para US$ 3 bilhões. A decisão se deu por “condições do mercado”, de acordo com a assessoria de imprensa do BC.
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Foto: Carolina Antunes/PR