Bolsonarista admite usar bebê como escudo na Câmara e é denunciada

Zanatta leva filha de 4 meses ao sequestro da Câmara, assume uso político da criança e tenta se vitimizar nas redes.

Bolsonarista admite usar bebê como escudo na Câmara e é denunciada

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 07/08/2025 às 10:36 | Atualizado em: 07/08/2025 às 10:36

A deputada federal Júlia Zanatta (PL‑SC) protagonizou mais um capítulo da radicalização bolsonarista no Congresso ao levar sua filha de apenas 4 meses para a ocupação da mesa diretora da Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira (6 de agosto).

O episódio, já grave por si só, ganhou contornos ainda mais escandalosos quando a própria parlamentar admitiu, com ironia, que usou a criança como escudo durante o protesto político.

A manifestação, liderada por aliados de Bolsonaro, buscava impedir os trabalhos legislativos em reação à prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Em meio ao tumulto, Zanatta, que carregava o bebê no colo, foi criticada nas redes por expor a criança a um ambiente instável e tenso.

A resposta da deputada escancarou o desdém com que parte da extrema direita encara princípios básicos de proteção à infância:

“Usando SIM uma criança como escudo. Vão se tratar, canalhas!”, escreveu em suas redes.

A frase não apenas confirma o uso político da criança como também revela o tom beligerante com que a parlamentar tenta se blindar de críticas, mesmo com prejuízo da integridade física e emocional da própria filha.

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Denúncia formal

Diante da gravidade da situação, o deputado Reimont (PT‑RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, acionou o conselho tutelar de Brasília.

O ofício destaca que a presença da bebê em um ambiente conflagrado pode configurar violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o direito à proteção integral de menores contra qualquer forma de negligência, violência ou exposição indevida.

A denúncia solicita apuração imediata sobre a conduta da deputada, que, além de utilizar a filha como símbolo de sua militância, ainda pode ter colocado a integridade da criança em risco.

Vitimização e desinformação

A reação da deputada seguiu a cartilha bolsonarista de vitimização: ao invés de reconhecer o erro, Zanatta se colocou como alvo de uma suposta perseguição por ser mulher e mãe.

“Ver feministas me atacando por conciliar maternidade e trabalho é emblemático”, escreveu, tentando transformar uma atitude irresponsável em discurso político.

A estratégia escancara o uso distorcido de pautas sociais legítimas como escudo para ações autoritárias.

Não se tratava de amamentar em público, como a parlamentar tentou sugerir, mas sim de instrumentalizar uma criança em um ambiente de tensão, com câmeras, empurra-empurra e parlamentares gritando.

Recorrência da radicalização

O episódio marca mais uma vez o uso de símbolos, neste caso, a maternidade, como ferramentas de manipulação emocional e política.

A banalização da presença de uma criança como arma de retórica revela a escalada irresponsável com que parte da extrema direita tenta se blindar de responsabilizações legais e morais.

Enquanto isso, o conselho tutelar analisa a denúncia, e cresce a pressão por responsabilização da deputada, não apenas pelo uso indevido da criança, mas por colaborar com a desordem institucional que paralisa a Câmara em plena crise nacional.

Foto: divulgação