O ex-banqueiro Eduardo Moreira teve que cancelar vários compromissos agendados nos próximos meses para preservar a própria segurança. Ele é muito procurado para dar palestras sobre a conjuntura econômica do Brasil.
Crítico ferrenho do presidente Jair Bolsonaro e seu governo, ele vem recebendo ameaças de vários tipos, inclusive de morte, desde que, em maio de 2020, seu nome foi incluído em relatório encomendado pelo Ministério da Economia para identificar “detratores” da política tocada pelo ministro Paulo Guedes.
Com a proximidade das eleições, as ameaças voltaram a ser frequentes – e mais ousadas.
“São comentários muito agressivos, pessoas dizendo que eu deveria tomar cuidado quando saísse na rua, que eu era um ‘comunista safado'”, contou Moreira à coluna. “E algumas mensagens mais graves”.
Uma entrevista que o ex-banqueiro deu no ano passado, denunciando as péssimas condições de vida dos indígenas na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul, também provocou uma reação violenta.
“Ali começaram as ameaças de morte”, recorda Moreira. “Foram mais de uma centena, no estilo ‘vamos sumir com esse cara’, ‘não se assuste se esse cara não aparecer mais’, até chegar ao cúmulo de um clube de tiro fazer campanha contra mim. Eu abri um processo contra o clube e ganhei”.
A revelação sobre as ameaças foi feita ontem, durante o programa jornalístico ICL Notícias, que Moreira apresenta em seu canal no YouTube. Naquele espaço, comenta as notícias de segunda a sexta, fazendo críticas contundentes a Bolsonaro.
As ameaças se mantinham em ritmo constante, mas, à medida que as eleições foram se aproximando, voltaram a crescer. “Passei a receber mensagens que não recebia antes. Vídeos de pessoas identificadas, adultas, algumas de nível universitário, dizendo que se eu não me desculpasse (em relação às críticas ao presidente) ia pagar com a minha vida”, explica.
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Foto: Reprodução