O vereador Carlos Bolsonaro (PL) acessou um cofre no Banco do Brasil nas mesmas datas em que o ex-presidente Jair Bolsonaro adquiriu imóveis em transações apontadas como suspeitas. De acordo com informações bancárias, Carlos e seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL), utilizaram o serviço de cofre 153 vezes ao longo de 12 anos, com uma frequência média de uma vez por mês, e até duas entradas no mesmo dia.
Esses acessos são parte de uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra Carlos Bolsonaro, sob suspeita de envolvimento no esquema de “rachadinha” em seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Embora a investigação tenha resultado na denúncia de sete servidores do vereador, o processo contra Carlos foi arquivado por falta de provas.
Sua defesa não comentou as novas informações, mas o vereador já havia demonstrado tranquilidade em relação ao arquivamento do caso.
Um dos momentos mais reveladores foi em 21 de janeiro de 2009, quando Carlos acessou o cofre por 20 minutos no mesmo dia em que Jair Bolsonaro comprou uma casa no Condomínio Vivendas da Barra.
A transação foi feita por R$ 409 mil, apesar de o imóvel ter sido adquirido pelos proprietários anteriores quatro meses antes por R$ 580 mil, o que indicou possível lavagem de dinheiro, segundo o Coaf.
Outros acessos coincidiram com operações imobiliárias de Flávio Bolsonaro, que também utilizava o cofre.
Em uma delas, no dia 26 de novembro de 2012, Flávio acessou o cofre um dia antes de comprar dois apartamentos em Copacabana por R$ 310 mil, transação que gerou suspeitas de lavagem de dinheiro.
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Apesar das alegações, Flávio Bolsonaro nega que os acessos ao cofre estejam ligados a essas transações imobiliárias.
Contudo, o MP-RJ coletou provas que sugerem o uso de dinheiro vivo nas compras, o que reforça as suspeitas sobre a origem dos valores envolvidos.
A denúncia contra Flávio também foi arquivada após a anulação das provas.
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