Ainda não é hoje que ex-ministro de Bolsonaro fala da minuta do golpe

Após a decretação da prisão, Torres informou que interromperia as férias nos EUA e voltaria ao Brasil para se entregar à Justiça

Diamantino Junior

Publicado em: 23/01/2023 às 10:41 | Atualizado em: 23/01/2023 às 10:41

A Polícia Federal (PF) não vai tomar o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres nesta segunda-feira (23). Na semana passada, a corporação, a pedido da defesa do ex-gestor, havia solicitado a realização do depoimento nesta manhã.

Na quinta-feira (19), o pedido foi oficializado pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito. No entanto, até a manhã desta segunda, o ministro não tinha autorizado a medida.

Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, e é investigado por suspeita de omissão na contenção dos atos terroristas cometidos por bolsonaristas radicais, em Brasília, no dia 8 de janeiro (relembre abaixo). Ele chefiava a Secretaria de Segurança Pública do DF à ocasião, mas nega as acusações.

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Ainda não há uma nova data para o depoimento. Uma primeira tentativa foi realizada na última quarta-feira (18), e uma equipe da PF foi até o local onde Torres está preso. No entanto, acompanhado dos advogados, ele ficou em silêncio.

A defesa do ex-secretário alegou que não teve acesso aos inquéritos nos quais Torres é investigado e que ele “esclarecerá sob tudo que lhe for perguntado tão logo a defesa tenha acesso aos autos”. Por isso, pediu a remarcação do depoimento para esta segunda. A solicitação foi corroborada pela PF.

O que diz Anderson Torres?

Horas após os atos terroristas em Brasília, na madrugada do dia 9 de janeiro, Anderson Torres se pronunciou pelas redes sociais, repudiou os ataques e negou conivência com os vândalos bolsonaristas.

“Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos”, escreveu.

Na oportunidade, ele chamou os atos antidemocráticos de “execrável episódio”. “Em um caso de insanidade coletiva como esse, há que se buscar soluções coerentes com a importância da democracia brasileira”, disse.

Após a decretação da prisão, Torres informou que interromperia as férias nos EUA e voltaria ao Brasil para se entregar à Justiça.

“Hoje (10/01), recebi notícia de que o Min Alexandre de Moraes do STF determinou minha prisão e autorizou busca em minha residência. Tomei a decisão de interromper minhas férias e retornar ao Brasil. Irei me apresentar à Justiça e cuidar da minha defesa”, afirma Torres.

“Sempre pautei minhas ações pela ética e pela legalidade. Acredito na justiça brasileira e na força das instituições. Estou certo de que a verdade prevalecerá”, declarou.

Leia mais na matéria de Isabela Camargo, da GloboNews, no g1

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil