O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), mandou divulgar nota oficial na noite deste sábado, dia 23, para anunciar que dois caminhões com ajuda humanitária entraram em território venezuelano pela fronteira em Roraima.
O governo brasileiro classifica a operação de exitosa e anunciou uma segunda fase de envio de suprimentos.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que esteve hoje em Pacaraima, junto à fronteira de Roraima com a Venezuela, anunciou a entrada de um caminhão com suprimentos.
“A respeito da ajuda humanitária oferecida pelo Brasil ao povo da Venezuela, a Presidência da República informa que a participação do governo brasileiro foi exitosa em reunir e transportar as doações até o destino de distribuição. Os dois primeiros caminhões enviados pelo Brasil cruzaram a fronteira, adentrando o país vizinho, sem incidentes na travessia”, diz o texto.
Os dois caminhões com alimentos e remédios, com placas e motoristas venezuelanos, partiram na manhã deste sábado, percorrendo os 214 quilômetros até Pacaraima.
O comunicado destacou a participação do Governo de Roraima na operação e disse que o efetivo da operação Acolhida, montada para receber migrantes venezuelanos que cruzam a fronteira, foi triplicado de tamanho, incluindo a equipe médica.
Na conclusão do texto da nota, o governo brasileiro diz que “confia na solução da questão, certo de que os líderes daquele país terão a sensibilidade de atenuar as condições de vulnerabilidade as quais estão submetidos nossos irmãos venezuelanos”.
Tensão crescente
A situação na região fronteiriça permanece tensa desde quinta-feira à noite, quando o governo venezuelano de Nicolás Maduro anunciou o fechamento da fronteira.
São constantes os confrontos entre forças policiais venezuelanas e manifestantes que pedem a liberação da entrada dos suprimentos.
Os hospitais de Roraima atenderam desde ontem 13 venezuelanos feridos em confrontos em localidades próximas à fronteira com o Brasil, informou neste sábado a Secretaria de Saúde (Sesau-RR) do estado, por meio de nota.
Fonte: Agência Brasil
Ditador bolivariano e o recado ao Brasil
Em um dos trechos do discurso de Maduro neste sábado, em Caracas, a referência é à tentativa brasileira de levar ajuda humanitária para dentro do território venezuelano.
Maduro disse que os venezuelanos não são maus pagadores.
“Estamos dispostos como sempre estivemos a comprar todo o arroz, todo o açúcar, todo leite em pó que vocês quiserem vender. (…) Não somos maus pagadores, nem mendigos, somos gente honrada e que trabalha. Querem o quê? Trazer caminhões com leite em pó? Eu compro agora”, disse.
“Querem trazer caminhões com leite em pó? Pago agora”.
Leia mais
Um dia de tensão, conflitos e mortes
Manifestantes lançaram coquetéis molotov contra base do Exército da Venezuela na fronteira com o Brasil, em Pacaraima (RR), por volta das 18h20 deste sábado.
Os militares venezuelanos reagiram com bombas de gás lacrimogêneo cerca de dez minutos depois.
Conflitos também foram registrados na fronteira da Colômbia com a Venezuela. Eles foram o desfecho de um dia no qual os dez caminhões com ajuda humanitária foram impedidos de levar alimentos e medicamentos para cidades venezuelanas.
No fim da tarde, um desses caminhões foi incendiado e a carga saqueada, na cidade de Cúcuta.
O chamado “Dia D” foi marcado também pela morte de três pessoas e 15 feridas a tiros. Tudo aconteceu na cidade venezuelana de Santa Elena de Uiarén, a 15 quilômetros da fronteira com o Brasil.
Leia mais no G1 .
Foto: Ricardo Moraes/ Reuters_Direitos Reservados (Reprodução/Agência Brasil)