Bolsonaro demite diretor da PF, desmoraliza Moro e poupa filho de prisão
PF estava no encalço do filho do presidente em investigações de fake news

Neuton Correa, da Redação do BNC AMAZONAS
Publicado em: 24/04/2020 às 06:47 | Atualizado em: 24/04/2020 às 06:47
Numa só canetada, o presidente Jair Bolsonaro resolveu dois problemas e criou outro para o ministro da Justiça que representaria o combate à corrupção em seu governo, o ex-juiz Sérgio Moro.
Ele demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a quem vinha ameaçando trocar desde o ano passado.
A demissão não tem aval do ex-chefe da Lava Jato, que levou à prisão de dezenas de políticos, com os quais Bolsonaro começou a conversar.
A demissão de Valeixo pode ter poupado de prisão o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República.
Carlos é acusado de comandar o chamado gabinete do ódio e ontem estava na mira da PF, em investigação de fake news contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Desmoralizado
Sérgio Moro, por sua vez, está desmoralizado.
A exoneração de seu principal auxiliar, responsável pelas investigações da PF, mostram que ele não tem a autonomia que pediu para trocar a Lava Jato pela vaga de ministro.
Por sua vez, a imagem dele fica arranhada em sua estratégia de usar o governo Bolsonaro para se tornar ministro do STF.
A desmoralização de Moro já está escrachada na mídia.
Ontem, por exemplo, o governador do DF, Ibaneis Rocha, aliado do governo, no auge da crise Moro e Bolsonaro, declarou o ministro da Justiça “nunca fez nada”.
Disse também que tinha um nome 100 vezes melhor.
Namoro com réus de Moro
Outro sinal de confronto de Bolsonaro com Sérgio Moro está no fato do presidente ter se aproximado réus e políticos condenados pelas investigações então comandadas pelo ex-juiz.
Esse foi o caso do encontro do presidente com o senador Eduardo Braga (MDB-AM), investigado pela República de Curitiba.
Além de Braga, Bolsonaro também já se aproximou de Valdemar Costa Neto (PL) e Roberto Jefferson (PTB), ambos condenados no mensalão, além de Gilberto Kasab (PSD) e Ciro Nogueira (Progressistas), investigados pela Operação Lava Jato.
Foto: Divulgação/PF