Numa só canetada, o presidente Jair Bolsonaro resolveu dois problemas e criou outro para o ministro da Justiça que representaria o combate à corrupção em seu governo, o ex-juiz Sérgio Moro.
Ele demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a quem vinha ameaçando trocar desde o ano passado.
A demissão não tem aval do ex-chefe da Lava Jato, que levou à prisão de dezenas de políticos, com os quais Bolsonaro começou a conversar.
A demissão de Valeixo pode ter poupado de prisão o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República.
Carlos é acusado de comandar o chamado gabinete do ódio e ontem estava na mira da PF, em investigação de fake news contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Desmoralizado
Sérgio Moro, por sua vez, está desmoralizado.
A exoneração de seu principal auxiliar, responsável pelas investigações da PF, mostram que ele não tem a autonomia que pediu para trocar a Lava Jato pela vaga de ministro.
Por sua vez, a imagem dele fica arranhada em sua estratégia de usar o governo Bolsonaro para se tornar ministro do STF.
A desmoralização de Moro já está escrachada na mídia.
Ontem, por exemplo, o governador do DF, Ibaneis Rocha, aliado do governo, no auge da crise Moro e Bolsonaro, declarou o ministro da Justiça “nunca fez nada”.
Disse também que tinha um nome 100 vezes melhor .
Namoro com réus de Moro
Outro sinal de confronto de Bolsonaro com Sérgio Moro está no fato do presidente ter se aproximado réus e políticos condenados pelas investigações então comandadas pelo ex-juiz.
Esse foi o caso do encontro do presidente com o senador Eduardo Braga (MDB-AM), investigado pela República de Curitiba.
Além de Braga, Bolsonaro também já se aproximou de Valdemar Costa Neto (PL) e Roberto Jefferson (PTB), ambos condenados no mensalão, além de Gilberto Kasab (PSD) e Ciro Nogueira (Progressistas), investigados pela Operação Lava Jato.
Foto: Divulgação/PF