Bolsonaro evita criticar Rússia e diz para general-vice ficar calado
O presidente disse que somente ele trata de questões internacionais e evitou repudiar a ação militar russa

Publicado em: 24/02/2022 às 20:18 | Atualizado em: 24/02/2022 às 20:18
O presidente Jair Bolsonaro desautorizou nesta quinta-feira (24) o vice-presidente Hamilton Mourão por ter feito críticas à Rússia pela invasão da Ucrânia. Bolsonaro disse que somente ele trata de questões internacionais e evitou repudiar a ação militar russa.
Na manhã desta quinta, Mourão adotou um tom duro contra a invasão e comparou a ação do presidente russo, Vladimir Putin, com a movimentação militar do líder da Alemanha nazista, Adolf Hitler, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial. O vice-presidente disse que apenas sanções econômicas contra a Rússia não são suficientes, sendo necessário também o uso da força.
No início da noite, em transmissão ao vivo em redes sociais, Bolsonaro leu uma notícia sobre as críticas de Mourão e disse que ele estava “falando algo que não deve”.
“Deixar bem claro. O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa”.
Para Bolsonaro, quem comenta sobre isso está “está dando peruada naquilo que não o compete”.
“Quem fala dessas questões chama-se Jair Messias Bolsonaro. Quem tem dúvida disso basta procurar na nossa Constituição o artigo 84. Mais ninguém fala. Quem está falando, está dando peruada naquilo que não o compete”.
O presidente afirmou que o Brasil é “da paz” e não comentou a invasão feita pela Rússia. Bolsonaro disse que em sua viagem ao país, realizada na semana passada, teve um “contato excepcional” com Putin e ressaltou que o Brasil tem uma dependência na área de fertilizantes.
“Nós somos da paz. Nós queremos a paz. Viajamos em paz para a Rússia, fizemos um contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão de fertilizantes para o Brasil. Somos dependentes de fertilizantes da Rússia, da Bielorússia, em grande parte desses países. E o país mais importante do mundo chama-se Brasil. Tudo que tiver a nossa alcance nós faremos pela paz”.
Na transmissão, Bolsonaro estava acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França. O chanceler, contudo, não comentou o conflito e limitou-se a dar orientações para os brasileiros que estão na Ucrânia. De acordo com ele, o governo está elaborando um “plano de contingência” para a retirada desses brasileiros.
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Foto: Marcos Corrêa/PR