Bolsonaro tinha indulto na gaveta para proteger filhos investigados

O presidente e seus aliados mais próximos tinham a medida como opção caso alguma das investigações em curso no STF atingisse Eduardo e Carlos Bolsonaro

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Publicado em: 23/04/2022 às 09:56 | Atualizado em: 23/04/2022 às 09:57

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de partir para o enfrentamento com o Judiciário ao conceder o indulto individual (graça) ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) não foi uma ação isolada, segundo integrantes do governo ouvidos pelo Globo de forma reservada.

O presidente e seus aliados mais próximos tinham a medida como opção caso alguma das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal atingisse seus filhos, em especial o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Neste sentido, o indulto não foi pensado pela situação de Silveira, mas como um “recado” para a Corte.

Por isso, ministros do STF avaliam com cuidado quais serão os próximos passos e têm preferido manter cautela, evitando declarações públicas.

A intenção é baixar a fervura e avaliar o cenário com mais calma, a partir de segunda-feira. Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão, inicialmente em regime fechado, por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte.

A edição do decreto que tenta livrar Silveira das penas impostas pela Corte já vinha sendo discutida pelo presidente com seus auxiliares mais próximos há pelo menos duas semanas, antes mesmo de o STF tomar qualquer decisão sobre o tema. O esboço do texto já estava pronto antes do julgamento, na quarta-feira.

O ato de Bolsonaro beneficia o deputado federal, mas é lido no governo como um recado mais amplo do presidente ao STF, ao intensificar sua posição de confronto com a Corte. 

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